Atualmente, a Jeep vende um em cada quatro SUVs emplacados no Brasil. Os responsáveis pelo melhor momento da marca são Renegade, líder de vendas entre os utilitários, e Compass, que ficou com o título em 2018 e é o segundo mais procurado da categoria neste ano.
Porém, a meta da marca é mais audaciosa: emplacar um a cada cinco SUVs no mundo até 2022. E o mercado brasileiro terá um papel importante para alcançar o objetivo.
"A Jeep detém 23,5% de participação no universo de utilitários no Brasil em 2019. É o maior market share da marca no mundo, superando os 21,5% registrados em 2015 nos EUA", salienta Tânia Silvestre, diretora da Jeep para a América Latina.
Segundo ela esses números impressionam ainda mais depois que descobriu que há no Brasil 87 modelos disponíveis no segmento de utilitários esportivos.
E neste grupo está um lançamento da Jeep que acabar de desembarcar no Brasil: a nova geração do Wrangler. Ícone no mercado norte-americano, o modelo tem uma história lendária de 78 anos, iniciada com o Willys MB em 1941, de quem é descendente.
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Lançado oficialmente após um período de pré-venda, o renovado Wrangler chega importado de Ohio (EUA) na versão Sahara, com opções de duas portas (R$ 259.990) e quatro portas (R$ 274.990) - esta chamada de Unlimited.
No próximo semestre virá a configuração Rubicon, famosa por praticamente escalar paredões com seu pacote de dispositivos para uso fora de estrada. O preço não foi antecipado, mas deve beirar os R$ 290 mil.
Atração do JeepDay
O novo Wrangler foi a atração principal do JeepDay 4x4, ou Dia Mundial da Jeep, comemorado no último dia 4 de abril com ações por todo planeta. Por aqui, a montadora reuniu a imprensa especializada para andar em seus veículos numa pista off road em São Paulo.
A Gazeta do Povo esteve presente e conheceu de perto a novidade que estreia no mercado nacional. O Wrangler vem com capota rígida removível de série e o pacote de acabamento Overland na opção mais cara, que inclui rodas com desenho diferente e capota e capa do estepe na cor da carroceria.
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Por fora, quase nada mudou nesta quarta geração do carro. E isso foi de propósito. A Jeep faz questão de manter a inspiração visual das primeiras gerações que o transformou na maior estrela da marca.
"Ícones não mudam, eles evoluem. Mantemos a essência de um dos maiores veículos off road [do mercado]. É o melhor Wrangler já feito", ressalta Alexandre Aquino, gerente Sênior da Jeep.
As linhas quadradas foram mantidas, bem como os faróis redondos, que ganharam o mesmo desenho interno usado no Renegade. A iluminação é em led, assim como nas luzes diurnas. Os para-lamas continuam salientes e, é claro, a grade traz as inconfundíveis sete fendas verticais.
Mas há pequenos retoques que só o conhecedor do carro poderá notar. É o caso das duas fendas das extremidades, que exibem uma pequena reentrância para receber o contorno dos faróis. O detalhe é uma homenagem ao pioneiro Jeep CJ (como o CJ-5 feito no Brasil entre 1957 e 1982).
A grade também está mais projetada, o capô com as emblemáticas presilhas, mais arredondado, e o para-brisa com maior inclinação. Tais ajustes contribuem para a melhoria na aerodinâmica. Na traseira, as tradicionais lanternas quadradas vêm com luzes em led.
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Motor mais torcudo
A Jeep decidiu mexer na motorização do Wrangler, de olho na menor emissão de poluentes e na redução de combustível. Sai o Pentastar 3.6 V6, de 285 cv (ainda oferecido nos Estados Unidos), e entra o 2.0 turbo a gasolina (ainda não é o desejado turbodiesel), com quatro cilindros, que rende 271 cv e resgata o nome Hurricane usado até a segunda geração.
A perda de 14 cv potência foi compensada pelo aumento do torque, especialmente em baixas rotações. O Pentastar produz 36 kgfm a 4.800 rpm, enquanto o novo Hurricane entrega 40,8 kgfm já a 3.000 rpm.
Isso, ajudado pelas primeiras marchas mais curtas, deixa as acelerações e retomadas em tempos próximos a de hatches esportivos, como o Volkswagen Golf GTI. Fala-se num 0 a 100 km/h em 6,8 segundos e velocidade máxima de 199 km/h.
O propulsor possui injeção direta de combustível e tecnologia Stop-Start, que desliga o motor em paradas rápidas, gerenciado pela nova transmissão automática de 8 marchas (três a mais que antes).
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Pesando cerca de 2 toneladas, o veículo emagreceu 90 kg, mesmo com a adição de novos equipamentos e o aumento no comprimento em 11 cm (2 portas) e 18 cm (4 portas).
O segredo da dieta está na profusão de materiais em alumínio, encontrados nos para-choques, portas, capô e moldura do para-brisas, além do bloco e cabeçote do motor. "As peças também agradecem, pois esse tipo de material evita a corrosão, algo comum em veículos off road que sempre estão na água", frisa Aquino.
A nova geração ficou 35% mais eficiente que a antecessora e com uma capacidade de reboque de 1,5 tonelada. Segundo a fábrica, a versão Overland (4 portas) tem médias de consumo de 7 km/l na cidade e 9 km/l na estrada.
Moderno, sem perder a essência
Não se engane que pelo fato de ser um veículo com DNA fora de estrada tenha de ser rústico em seu interior. Ao contrário, o acabamento impressiona pela qualidade do material usado em portas e painel.
O quadro de instrumentos é parcialmente digital, com tela de 7 polegadas e mostradores com informações pertinentes à prática em meio à mata e lamaçais.
A conhecida central multimídia Uconnect de 8,4 polegadas, presente em outros produtos do grupo FCA, é compatível com Android Auto e Apple CarPlay e incorpora o sistema de som da Alpine, com alto-falantes inclusive no teto.
Entre as diversas funções exibidas na tela estão páginas off road, com informações importantes para os trilheiros. Eles podem conferir os graus de inclinação lateral e longitudinal do veículo, o modo de tração selecionado, o grau de esterço da direção, as coordenadas geográficas, altitude em relação ao nível do mar, entre outras.
Na lista de itens de comodidades e mimos estão direção eletro-hidráulica, ar-condicionado de duas zonas, tomada de 110V no porta-malas, bancos rebatíveis, bolsas porta-objetos atrás dos bancos dianteiro, vidros elétricos em todas as janelas e entradas auxiliares e portas USB.
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Recursos para encarar qualquer terreno
Assim como a versão Trailhawk de Renegade e Compass, o Wrangler vem com o selo Trail Rated, que comprova seu potencial fora de estrada, ao atender as exigências da Jeep em cinco quesitos: tração, distância do solo, articulação, manobrabilidade e capacidade de submersão.
Os ângulos do jipe são: 44° (entrada), 37° (saída) e 27,8° (rampa), enquanto a distância do solo é de 27,7 cm, e a capacidade de submersão, de 76 cm. Há ainda placas de proteção sob a carroceria e ganchos de reboque dianteiros e traseiros.
O novo Wrangler vem com o sistema chamado Selec-Trac, que permite ao condutor fazer a configuração e não se preocupar mais em ajustá-la. A força é constantemente entregue às rodas dianteiras e traseiras, por meio do novo modo de condução 4H Auto, que junta aos tradicionais N, 2H, 4H e 4L.
Ao ser acionado, o carro fica tracionado por meio das rodas traseiras, mas também transfere automaticamente a força para o eixo dianteiro caso seja necessário.
O novo recurso é ideal para transpor pisos lisos e escorregadio, com baixa aderência. Basta apenas acelerar e frear que o sistema se encarrega de fazer o resto.
No entanto estão lá as posições específicas para off road, com a tração 4x4 dividida igualmente entre os dois eixos e a 4x4 reduzida. Tudo selecionado pelo robusto seletor ao lado da alavanca de câmbio.
O modelo oferece ainda o sistema de bloqueio Trac-Loc, que não trava totalmente o diferencial, permitindo assim um deslizamento parcial da engrenagem. A ação ocorre somente no eixo traseiro e limita automaticamente o patinamento da roda com menor aderência.
Menos sacolejos em trilhas pesadas
A suspensão vem com dois eixos rígidos, que articulam melhor do que o sistema independente para encarar trilhas pesadas, além de molas helicoidais e amortecedores hidráulicos de dupla ação.
Durante o test drive numa pista formada por buracos profundos, valetas, rampas com barros por todos os lados e obstáculos desafiadores, como estilo 'caixa de ovos' e inclinações laterais acentuadas, o 4x4 foi valente e superou as adversidades com certa facilidade.
As barras estabilizadoras na dianteira e na traseira controlaram com eficiência os sacolejos internos, evitando um mal-estar dos ocupantes, principalmente de quem vai atrás.
Os enormes pneus Bridgestone 255/70 R18 contribuíram para elevar a estabilidade e maciez durante o trajeto acidentado.
Mas também há os dispositivos típicos dos veículos mais urbanos, como controles de velocidade de cruzeiro, controles de estabilidade e tração, sistema anticapotagem e de oscilação da carroceria, câmera de estacionamento, detector de pontos cegos, assistentes de partida e descida em rampas, entre outros.
A experiência com o novo Wrangler foi longe do asfalto, por isso não foi possível avaliar ser comportamento em ruas e estrada, como o regime de giros numa velocidade cruzeiro de120 km/h.
Já o ruído interno foi testado por meio de acelerações fortes para vencer certos obstáculos. E foi possível sentir que o motor a gasolina trabalha mais silencioso, o que não ocorreria com um turbodiesel.
Wrangler 'conversível'
Uma das soluções interessantes que acompanha o Wrangler de outras gerações é a carroceria desmontável, onde é possível retirar as portas e todo o teto, ou então só a cobertura do teto sobre os ocupantes dianteiros, transformando-o num veículo conversível.
O para-brisa também ficou mais fácil de reclinar, removendo quatro parafusos na parte superior da moldura para rebatê-lo.
Apesar de as dimensões terem aumentado (4 ,79 m de comprimento e 3,01 m de entre-eixos), a ergonomia continua a ser um dos incômodos do carro. O espaço interno é apertado, com a porta bem próxima ao braço, atrapalhando um pouco na hora de encarar uma trilha.
Todas as versões têm de série interior lavável e durável, com plugues de drenagem para fácil limpeza.
O primeiro lote de 100 unidades do Sahara oferecido na pré-venda já esgotou, com início das primeiras entregas. A Jeep pretende emplacar 20 carros/mês neste ano, projetando um mix de 90% para a versão quatro portas e 10% para duas portas.
*Jornalista viajou a convite da Jeep
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