O universo automotivo brasileiro perdeu nesta quinta feira (18), em Belo Horizonte (MG), o designer Márcio Piancastelli, aos 79 anos, após grave enfermidade. Ele foi o responsável pela criação do SP-1 e 2 e da icônica Brasília, além de outros carros da Volkswagen. Piancastelli também fez o primeiro desenho do Gol, projetado em 1978, mas que acabou recusado pela matriz na Alemanha.
Nascido na capital mineira em 1936, desde pequeno era um entusiasta do design de automóveis. Em 1962, seguiu para a Itália para estudar seu futuro ofício no renomado estúdio italiano Ghia, em Turim. Quando voltou ao Brasil, arranjou emprego na Willys Overland, vindo a participar da equipe que havia feito a reestilização completa do Aero Willys, um dos modelos de maior sucesso da indústria nacional.
No fim da década de 1960, Piancastelli se transferiu para a Volkswagen e logo recebeu do então presidente mundial, Rudolf Leiding, a missão de adaptar o modelo 1600 notback, já existente na Alemanha, para os padrões brasileiros. O desenhista não só adequou o carro para o nosso mercado como a partir de uma Variant cortada criou o fastback 1600 TL.
Apesar da beleza do carro e da empolgação de Leiding pelo projeto, a ideia da Volks era algo mais revolucionário. Piancastelli então criou em 1972 um esportivo capaz de fazer frente ao Puma, até então soberano no segmento.
Surgia um modelo com duas versões de motorização: o SP-1, equipado com motor 1600, e o SP-2, com bloco 1700. O nome do automóvel era uma homenagem ao estado de São Paulo, mas apenas o segundo vingou.
A linha SP é até hoje considerada um das mais belas já feitas pela VW. Tanto que uma unidade do modelo figura no museu da marca na sede em Wolfsburg – é o único veículo exposto no local que não surgiu das mãos e mentes de designers alemães.
Brasília
Em 1973, Piancastelli deu vida à Brasília. Foram necessários cerca de 40 esboços para que ele chegasse a um projeto de carro médio e espaçoso com mecânica a ar, conforme queria o chefão da VW.
A ordem era de que se aproveitasse a plataforma do Fusca, mas esta era curta demais. A saída encontrada pelo artista mineiro foi utilizar a da Variant. O resultado foi um sucesso, com 950 mil unidades da Brasília vendidas no país e outras 180 mil no exterior em nove anos de fabricação.
Piancastelli contribuiu também para a criação da família BX, da qual surgiram Gol (carro de maior êxito no mercado brasileiro), Parati, Voyage e Saveiro. Ele deixou a Volkswagen e o mundo automobilístico em 1992 após participar de outros projetos da marca, como do novo Santana (1991), Logus, Pointer e Gol bolinha.
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