As dez concessionárias da Harley-Davidson no Brasil empregam 57 mecânicos em suas oficinas. O ambiente é semelhante em todas as lojas, mas na de Curitiba tem um diferencial: a presença de uma mulher. Hariella Motin, 31 anos, é a única mecânica de motos da marca na América Latina.
A relação dela com o mundo das motocicletas é antigo. Começou com os passeios que fazia na garupa do pai, um apaixonado por motos. Mais tarde, aos 19 anos, ela foi visitar uma prima que trabalhava numa loja da Harley-Davidson. "Adorei o ambiente e perguntei se não havia uma vaga para mim. Tinha uma de lavador. Não pensei duas vezes e aceitei. Comecei no mesmo dia", conta Hariella.
Nas horas livres, ela ficava de olho no trabalho dos mecânicos e quando percebeu já estava fazendo um curso de mecânica na Harley-Davidson. Hariella ficou na loja alguns anos e depois decidiu fazer uma pausa para se dedicar ao filho, Giordanni, que hoje tem 7 anos de idade. No início do ano passado ela voltou para o trabalho que tanto gosta com o convite da The One para fazer parte do time da oficina.
São cinco profissionais encarregados de cuidar das motos dos clientes da marca em Curitiba. Hariella conta que a oficina recebe de 250 a 300 motos por mês para serviços de manutenção e conserto, sendo que de 50 a 60 ficam sob a responsabilidade dela todos os meses.
"Não mexa aí"
Como em qualquer função em que predominam homens, também na oficina a Hariella precisa driblar as expressões de surpresa e as desconfianças. Os clientes mais antigos já estão acostumados com ela, mas no começo eles ficavam de olho no seu trabalho e até chamavam sua atenção. Hariella conta que já foi reprimida por um cliente: "Moça, não mexa aí, você vai estragar. Chame um mecânico."
Hora de ser diplomática. Ela, então, explicava que era especializada em mecânica de motos da marca, para tranquilidade dos harleyros.
"Algumas pessoas acreditavam que eu era uma cliente com regalias, que acompanhava o serviço em minha moto. No começo, até mesmo meus superiores me poupavam de alguns serviços, o que me deixava muito brava, pois posso fazer o que qualquer outro mecânico faz", garante Hariella.
Faz, mas sabe que será mais cobrada do que os outros mecânicos. Como ela é a estranha no ninho, eventuais erros são menos tolerados do que os cometidos pelos homens, com quem tem um bom relacionamento. "Em meio à correria, nos divertimos muito. Funciona assim: faço o que gosto, com prazer, me respeitam e cuidam de mim ao extremo."
Sonho de consumo
Apesar da sua paixão por motos, ela ainda não tem uma. "Sei pilotar, mas ainda não tenho habilitação", conta. Mas comprar uma moto não seria uma má ideia. Hariella até já escolheu seu modelo preferido entre os produzidos pela Harley-Davidson. O seu "sonho de consumo" é a Night Rod.
Enquanto sonha com esse brinquedo caro, a mecânica da The One leva para a oficina um toque feminino. Ela sempre vai trabalhar com as unhas compridas e bem feitas, o que não parece combinar com o trabalho que desenvolve. "Não gosto de unha curta. Faço a minha todos os dias".
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião