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A vantagem dos veículos 4x4 é que eles chegam em lugares, onde os carros de passeio não chegam | Roberto Massignan Filho / Gazeta do Povo
A vantagem dos veículos 4x4 é que eles chegam em lugares, onde os carros de passeio não chegam| Foto: Roberto Massignan Filho / Gazeta do Povo
  • Pneus de uso misto com são os mais indicados para superar trechos alagados e de lama
  • Alterar a calibragem dos pneus para rodar em terreno arenoso é recomendável
  • As limitações do veículos são conhecidas pelos seus ângulos e medidas

Trafegar por caminhos difíceis e alcançar lugares onde somente carros 4x4 conseguem chegar é uma aventura agradável e o Brasil pela sua geografia incentiva essa atividade. Mas, para aqueles que estão pensando em comprar um carro deste tipo e se iniciarem nesse novo terreno, o jornalista Emílio Camanzi, autor do Guia Off-Road - 101 dicas para não ficar agarrado – lembra que é necessário conhecer alguns me­­canismos que muitas vezes são desconhecidos dos motoristas de veículos de passeio. Confira al­­guns deles:

Para superar obstáculos mais complicados do que uma simples estrada de terra, por exemplo, é necessário um veículo com tração nas quatro rodas, porque ele distribui me­­lhor a força do motor entre elas, enquanto num veículo 4x2 (tração dianteira ou traseira) a força transferida para as duas rodas motrizes é maior e provoca a derrapagem ou a patinação da roda. Outra opção ne­­cessária para a prática do off-road é a caixa de redução, que praticamente dobra a força (torque) do motor quando se precisa mais de força do que velocidade para transpor obstáculos como lamaçal ou a areia solta.

Roda livre

Um veículo 4x4 pode ter o sistema de tração optativo ou permanente. O primeiro, também chamado de part-time, é quando se pode optar por manter a tração em duas rodas ou nas quatro rodas. Alguns veículos têm um recurso chamado roda livre, que é a opção de desengatar o sistema de transmissão dianteiro quando se está usando apenas a tração 4x2. Isso reduz o desgaste mecânico de componentes como os semieixos, o diferencial dianteiro e o eixo cardã, além de ajudar a reduzir o consumo de combustível. Já o sistema de tração permanente, ou full-time, não permite essa opção e o veículo terá tração nas quatro rodas em tempo integral.

Como fazer

Outro aspecto que deve ser observado é o acionamento da tração e da reduzida. Apesar de ser mais cômodo, o acionamento elétrico por comandos no painel é considerado menos confiável devido ao risco de pane, principalmente em condições de umidade. O acionamento por alavancas junto ao câmbio são mais confiáveis por se tratar de sistema manual. Existem dois tipos de acionamento manual da roda livre. Um é mais trabalhoso e obriga o motorista a sair do veículo para girar uma chave localizada nos cubos de roda com duas posições: 4x4 ou 4x2. Depois disso é que o motorista posiciona a alavanca seletora de tração em uma dessas opções. No outro esse engate é feito por meio da alavanca de tração. Para que o veículo não fique com uma das rodas atolada e a outra deslizando, é fundamental que esteja equipado com o bloqueio de diferencial. Assim, a roda deslizante é bloqueada e sua força é transferida para a que está atolada.

Pneus

Um cuidado que o aspirante a pi­­loto de off-road deve ter é quan­to à escolha dos pneus. Geralmen­­te, mesmo os veículos 4x4, vêm equipados com pneu 100% asfalto, que não são ideais para a prática do fora de estrada porque têm sulcos pequenos e pouco profundos, sendo facilmente preenchidos pelo barro. Uma opção é trocá-los por pneus de uso misto, 50% asfalto e 50% terra, ideais para trilhas leves e para a areia porque os sulcos não cavam muito o terreno. Já os pneus MUD, 80% terra e 20% asfalto, são os mais indicados para os trechos com lama e erosão, mas são barulhentos e têm pouca aderência no asfalto.

Dimensões

É necessário se informar sobre os alguns ângulos e medidas, que são im portantes para conhecer as limitações do veículo e evitar de le­­var gato por lebre. Deve-se também lembrar que essas medidas podem se alterar conforme a carga do veículo. Outra situação que pode mudar esses fatores é quando se altera a calibragem dos pneus para transpor um terreno arenoso, quando o carro fica mais baixo.

Ângulo de entrada (ou de ataque): é formado pela roda dianteira e a parte mais avançada do veículo, em geral o para-choque (repare que se for colocado algum acessório como o guincho elétrico esse ângulo é alterado). Ele limita o acesso do veículo a determinados barrancos, valas ou degraus.

Ângulo de saída (ou de fuga): é a distância entre as rodas traseiras e a parte final do carro. É aconselhável ficar atento a esse fator para não raspar a traseira do veículo no solo e nem perder o contato das rodas traseiras com o solo. Neste caso, o engate ou o estepe embaixo do carro é que podem interferir nesse fator.

Vão central: é o ângulo determinado pelas rodas traseiras e dianteiras e a altura do chassi. Ao respeitá-lo você evita que o assoalho encoste no chão e o carro fique gangorrando sem sair do lugar. Como os veículos mais longos e com maior distância entre-eixos têm o vão central maior, encontram mais dificuldade para transpor esse tipo de obstáculo.

Curso máximo da suspensão: é a capacidade da suspensão de fazer com que os pneus se aproximem ou se afastem da carroceria. Um bom curso da suspensão ajuda os pneus a se manterem em contato com o solo.

Inclinação lateral: é o limite estabelecido pelo centro de gravidade do veículo. Mudanças nas características originais do carro, como rodas mais altas ou elevação da suspensão, podem alterar o centro de gravidade do veículo e o limite de inclinação.

Profundidade máxima: é o limite para transpor trechos alagados sem que a água seja sugada pelas tomadas de ar do motor. Acessórios como o snorkel podem elevar essa medida.

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