Basta um pancada forte de chuva por alguns minutos para que as ruas das grandes cidades brasileiras se transformem em verdadeiros rios. Esses temporais pegam muitos motoristas de surpresa, que se veem obrigados a encarar o "dilúvio", quando não acabam com o automóvel debaixo dágua. Além do susto do proprietário, o bolso também pode ser afetado com um possível dano causado ao veículo.
Para mostrar o tamanho desse prejuízo, o Centro de Experimentação e Segurança Viária, o Cesvi, elaborou uma pesquisa que classifica os veículos de acordo com o risco que cada um corre na eventualidade de se envolver em alagamentos. O estudo aborda avarias que os carros podem sofrer em função de suas características mecânicas e elétricas.
A classificação é apresentada em um intervalo de 0,5 a 5 estrelas. Quanto maior a nota, melhor o veículo e menor seu risco de apresentar danos em enchentes que provoquem a parada da condução.
E o automóvel com a melhor nota foi o Renault Fluence, que chegou aos 5 pontos. Em seguida, com quatro pontos, aparecem os modelos Renault Duster, Chevrolet Cobalt e os Citroën C4 Picasso e C4 Hatch. Abaixo desses modelos, a situação se complica, sempre com notas abaixo de 3,5. Os piores colocados, com apenas 1 ponto, são os Fiat Palio Fire e Mille, enquanto o Chevrolet Celta, que também não foi bem avaliado, obteve apenas 1,5 ponto. Vale ressaltar que modelos que não constarem na lista que acompanha essa matéria é porque não foram avaliados pela entidade.
Critérios
Para chegar ao índice, uma análise detalhada é realizada em cada modelo, avaliando a possibilidade de danos por enchente sob duas frentes: risco de sofrer calço hidráulico, quando a água invade a câmara de combustão do motor, e risco de comprometimento de seu funcionamento por danos em componentes fundamentais.
Em sua pesquisa, o Cesvi leva em consideração os seguintes itens: sistema de admissão, sistema de escape, cilindrada do motor, taxa de compressão, alternador, centrais elétricas, sensor de oxigênio (sonda lambda), sensor de rotação do motor, unidades de controle e embreagem.
No site do Cesvi é possível consultar um comparativo de modelos de veículos com as informações de todos os índices desenvolvidos pelas pesquisas do centro Índice de Segurança; Índice de Visibilidade; Índice de Danos de Enchente; e CAR Group (compara veículos de uma mesma categoria quanto à facilidade e o custo de seu reparo).
Saiba maisDurante o período do verão, em que o volume de chuva aumenta, os motoristas precisam ficar atentos para a ocorrência de alagamentos nas vias, que comprometem o funcionamento do veículo. Confira dez recomendações para preservar o automóvel em áreas alagadas.
1. Caso o motor morra durante a travessia, jamais tente dar a partida, mantenha-o desligado e remova o veículo até uma oficina. Diante da possibilidade de admissão de água, essa prática reduz o risco de danos causados ao motor por um calço hidráulico, que é a entrada de líquido na câmara de combustão, causando a quebra de componentes internos. Reparar o motor neste caso não é barato, portanto, não arrisque.
2. Não enfrente o alagamento caso o nível da água esteja acima do centro da roda. A maioria das montadoras também estabelece uma altura máxima para que se possa atravessar um trecho alagado.
3. Dirija em baixa velocidade, mantendo a rotação constante do motor em torno de 2.500 RPM. Isso diminui a variação do nível da água e seu respingar junto ao motor, dificultando sua admissão indevida e a contaminação de componentes eletrônicos. A aderência e a dirigibilidade também melhoram.
4. No caso de veículos equipados com transmissão automática, a troca de marchas deve ser feita manualmente, selecionando a posição "1". Dessa forma, o veículo não desenvolve tanta velocidade, sendo possível imprimir uma rotação maior ao motor.
5. Utilize o ajuste de tração conhecido como "Winter" ou "Snow", caso seu veículo disponha dessa função, oferecida como opcional em alguns carros automáticos. Embora seu propósito seja de aumentar a segurança em trechos de baixa aderência, como neve ou lama, essa função também pode ser usada durante alagamentos. Ela evita que o carro patine, graças ao bloqueio do diferencial, e facilita o controle da velocidade do veículo e da rotação do motor.
6. Mantenha a calma nos casos em que, durante a travessia, sejam constatados sintomas como o aumento de esforço ao esterçar (direção hidráulica), variação na luminosidade das luzes do painel de instrumentos, alertas sonoros, flutuação dos ponteiros, luzes de anomalia da injeção eletrônica, bateria e ABS (se disponível) acesas, aumento do esforço ao acionar os freios e interrupção do funcionamento da tração 4 X 4 (veículos diesel), pois provavelmente todo esse quadro é causado pela perda de aderência entre a correia auxiliar e as respectivas polias da bomba da direção hidráulica, alternador e bomba de vácuo (veículo diesel), sendo, na maioria das vezes, um fato passageiro que não impede a dirigibilidade. Apenas reforce a cautela e mantenha o menor número possível de equipamentos ligados.
7. Desligue o ar condicionado para reduzir o risco de calço hidráulico. Essa precaução impede que alguns componentes joguem água na tomada de ar do motor.
8. Se o carro tiver sido rebaixado e turbinado, os riscos de sofrer calço hidráulico aumentam. Redobre a atenção aos procedimentos sugeridos para evitá-lo.
9. Caso você enfrente um alagamento mais sério, faça um check up mesmo que o carro não apresente problemas num primeiro momento. Corrija, por exemplo, possíveis alterações do sistema de injeção eletrônica, muitas vezes simples e imperceptíveis nessa fase, como maus contatos, mas que posteriormente podem causar grandes transtornos. Peça também uma avaliação do cânister, do óleo da transmissão e dos eixos diferenciais, no caso de veículos com tração traseira ou 4x4. Esses conjuntos podem ter sido contaminados, o que leva à redução da vida útil de seus componentes, além de riscos acentuados de falhas na embreagem, na suspensão e nos freios.
10. Caso você enfrente consecutivos alagamentos, limpe o sistema de ventilação, que poderá ter sido contaminado por fungos, bactérias e outros micro-organismos.
Fonte: Cesvi Brasil
Serviço
Para consultar, acesse www.cesvibrasil.com.br/indices/comparativo.aspx.
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