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A troca de mensagens  pode levar o condutor a rodar 23 segundos às cegas. | Divulgação
A troca de mensagens pode levar o condutor a rodar 23 segundos às cegas.| Foto: Divulgação

A popularização dos smartphones aumentou muito a distração das pessoas, onde quer que ela esteja. Mas, quando esse desligar-se do mundo à volta ocorre diante de um volante, as consequências podem ser trágicas. Uma cena comum no dia a dia do trânsito é ver carros em zigue-zague, condutores atravessando vias preferenciais e até parando em sinal verde. E, geralmente, o celular está em uma das mãos do condutor.

Uma pesquisa realizada pelo Hospital Samaritano, de São Paulo, revelou que 80% dos motoristas consultados, de um universo de 4,1 mil pessoas, admitiram que utilizam o telefone móvel ao mesmo tempo que dirigem. E deste total que comete tal infração, 42% disseram que enviam mensagens de texto ao volante, potencializando o risco de acidentes, enquanto outros 8% afirmaram que não mudariam de comportamento mesmo sabendo das consequências.

Pior que o álcool

Segundo o Departamento de Trânsito dos Estados Unidos, a possibilidade de ocorrer um acidente aumenta em 400% quando se usa o celular. Um risco muito maior do que o causado pela embriaguez, afirma a entidade. “Antes as pessoas falavam ao celular, o que já compromete os reflexos. Agora, elas digitam, mandam mensagens, o que aumenta não só o risco de acidente, mas a sua gravidade”, afirma José Carlos Cassaniga, diretor de concessões do grupo EcoRodovias.

O desvio do foco para o celular representa várias ações sendo realizadas ao mesmo tempo, explica Renato Anghinah, coordenador do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano.

“Eu estou olhando para o celular, eu estou lendo no celular e vou digitar, eu estou fazendo várias ações. A última coisa que eu vou pensar é no trajeto que eu estava executando”, diz o especialista.

Estudos apontam que uma troca rápida de mensagens, por whatsapp, por exemplo, tira 23 segundos da atenção no trânsito. Tempo suficiente para que um carro a 60 km/h rode 380 metros sem que o condutor olhe para o trânsito em volta - é o equivalente a três campos de futebol. A percurso às cegas aumenta para 650 m se o veículo estiver a 100 km/h.

Para André Pedrinelli, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, dois segundos de distração para digitar uma letra no celular são suficientes para causar um acidente. “Acidente que pode até provocar a morte de alguém”, ressalta ele.

Multa

Dirigir usando o celular é uma infração considerada média, com multa de R$ 85,13 e o acréscimo de 4 pontos na CNH. Porém, isso parece não intimidar os condutores. Dados do Detran-PR de 2014, informam que foram aplicadas quase 113 mil multas no estado por uso do telefone ao volante. Mas, o órgão estima que o número de ocorrências seja muito maior.

“Este tipo de infração só é registrada por um agente de trânsito, não é constatada por radar. Além disso, no caso de um acidente, não há nada que possa comprovar que o condutor estava distraído pelo telefone, como acontece, por exemplo, com os exames que mostram o nível de álcool nos motoristas”, explica o diretor-geral do Detran, Marcos Traad.

Desligar o celular ou colocá-lo em modo silencioso pode auxiliar para que não exista a ‘tentação’ de pegar o dispositivo assim que ele chamar ou piscar o aviso de mensagem recebida. E lembre-se o uso é proibido mesmo com carro parado, seja em congestionamento ou no semáforo.

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