Classe média
Renda maior favorece compra
Para Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, a associação nacional dos fabricantes, a expansão da renda da população e o bônus demográfico (quando a maioria das pessoas de um país está em idade economicamente ativa), além das facilidades de crédito e de financiamento nos últimos anos, contribuíram para que os consumidores passassem a comprar carros de nível maior. De 2003 a 2011, a renda média cresceu 33% e quase 40 milhões de brasileiros ingressaram na classe média, segundo dados do IBGE, o que também ajudou a impulsionar as vendas de carros mais caros, principalmente os importados.
Ele tem preço mais acessível, é mais econômico na cidade e exatamente por isso está em maior número nas ruas. Mas, apesar desses atrativos, o carro popular 1.0 está deixando de ser a preferência do consumidor brasileiro. Em 2001, representava 71,1% das vendas de automóveis no Brasil, em 2010 caiu para 50,8% e em 2011 fechou em 46,8%, conforme dados da Anfavea associação que reúne os fabricantes no Brasil.
Já a Fenabrave, que congrega os concessionários, revelou que no primeiro bimestre deste ano o segmento respondeu por 43% dos emplacamentos de veículos no país. Alguns distribuidores dizem que a participação atual seria ainda menor se não fossem as vendas para frotistas, pois nas autorizadas a procura pelos 1.0 já estaria abaixo de 30%. No mês passado, a fatia dos populares caiu ao menor nível desde 1995, com 42,6% dos emplacamentos.
Parcelas
Atualmente, por cerca de R$ 3 mil é possível sair do 1.0 básico e adquirir um 1.6 mais recheado em equipamentos. Em financiamentos mais longos, a diferença nas parcelas fica entre R$ 100 a 150. Geralmente, o perfil de quem compra modelos populares busca o primeiro zero ou financiar 100% do carro (sem entrada). Já quem está trocando o antigo por um novo prefere itens como direção hidráulica, ar-condicionado e mais motor. "Esse cliente que experimentou o conforto não volta a comprar os básicos", ressalta Felipe Gabriel, gerente de Novos da Fórmula Renault, da Água Verde, em Curitiba. "A diferença acaba se diluindo no financiamento."
Na Fómula, o Sandero 1.0 Expression, com 77 cavalos, tem preço de R$ 34.990. Com R$ 3 mil a mais o cliente leva a mesma versão no motor 1.6 (R$ 37.990), com 95 cv.
Os valores ficam ainda mais próximos em comparação aos blocos 1.4. Na Fiat Barigüi, em Curitiba, o Uno Vivace 1.0 Evo (75 cv) sai por R$ 25.490. Já a versão Economy 1.4 Evo (88 cv) custa R$ 26.800, ou R$ 1.310 de diferença. Ele ganha ainda para-choques, maçanetas e retrovisores na cor do veículo e quadro de instrumentos com iluminação branca.
Consumo
Se na cidade, o baixo consumo do 1.0 prevalece sobre motores maiores, na estrada ele fica em desvantagem. Principalmente para o propulsor 1.4, que consegue equiparar no consumo. Este oferece mais toque (força) e, consequentemente, exige menos aceleração para obter o melhor desempenho. "O propulsor mais potente facilita as ultrapassagens e evita aquele sofrimento na subida. Também não perde tanto desempenho com o carro carregado ou com o uso do ar-condicionado", explica Rodrigo Leal, gerente de Novos da Barigüi.
Para Marco Pogioli, gerente de Vendas da Champagnat Veículos, autorizada Chevrolet na capital, essa diferença mínima, aliada ao maior conforto, pesa muito na hora da escolha. Ele compara o Celta 1.0, equipado com direção hidráulica e trio elétrico, que na loja é vendido por R$ 27.900, com o Corsa 1.4, dotado do mesmo pacote, por R$ 30.490.
"Além da maior potência (105 cv contra 78 cv), a suspensão do Corsa tem melhor construção e a plataforma é baseada no Meriva, isto é, não é de um veículo popular. O acabamento e a qualidade (na cabine) também são superiores", lista o funcionário, destacando que o Corsa foi o modelo da marca mais vendido na Champagnat em fevereiro.
A diferença nas prestações de ambos para um financiamento de 60 meses sem entrada fica em R$ 99 R$ 882 do Corsa e R$ 783 do Celta. "As motorizações mais potentes têm taxas de juros subsidiadas pela fábrica, diminuindo o valor das parcelas", observa Pogioli.
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