A forma como Fábio e Ângela Filipini andarão de carro pelas ruas de Curitiba mudou a partir desta segunda-feira (1º).
O casal não precisará mais visitar um posto de combustíveis; o intervalo das manutenções periódicas será mais longo e não a cada 12 meses, além de eliminar a troca de óleo do motor; a vida a bordo do veículo ficará silenciosa; e gastará cerca de R$ 40 na semana para ir motorizado ao trabalho ou a um programa de lazer pela cidade.
A razão dessa mudança na rotina deles atende pelo nome de Renault Zoe. A dupla foi a primeira na capital paranaense a receber o hatch 100% elétrico após a montadora começar a venda no Brasil para pessoa física, em novembro do ano passado.
A entrega da 20ª e última unidade do primeiro lote que a marca disponibilizou na fase de lançamento mereceu uma cerimônia especial na concessionária Globo Renault, do Alto da XV.
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A autorizada paranaense e a Sinal Renault, de São Paulo, são as únicas credenciadas a vender a novidade no mercado nacional. Clientes de Londrina, Porto Alegre e Florianópolis que adquiriram o modelo via site também tiveram os carros entregues pela loja curitibana.
"Queremos fazer parte desta transformação [no trânsito]. É uma filosofia que trazemos há muito tempo, e o carro elétrico está inserido nela... Teremos uma vida mais limpa e sustentável, além do conforto [de trocar o posto de combustível pela recarga em casa] e o benefício da redução do estresse com o fim do ruído do carro", justifica Fábio para a escolha do exemplar movido a bateria.
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Na verdade, circular pela cidade dirigindo um carro elétrico vem ao encontro da rotina de trabalho do casal. Eles comandam um empreendimento que produz soluções inteligentes em eficiência energética, a Graphus Energia.
" [Comprar um veículo 'verde'] Tem a ver com a mentalidade da empresa, de valorizar o uso eficiente da energia elétrica", ressalta Ângela, que dirige no dia a dia um Peugeot 208 - o outro carro da família, um 308, usado como parte do pagamento na compra do Zoe.
Preço é um choque
A etiqueta do elétrico, aliás, é de R$ 149.990, fora a estação de recarga, disponível em três modelos de reabastecimento e com preços que variam de R$ 6,5 mil (recarga total em até 11h) e R$ 9 mil (até 1,5h).
Pela condições das instalações elétricas do condomínio onde mora, o casal comprou um carregador monofásico de 127V/ 32A, de 11h no carregamento. "Com disciplina, manteremos a carga sempre acima de 50% e isso levará menos tempo na hora de recarregar", salienta Fábio.
O Zoe utiliza baterias de lítio de 41 kWh, que equivale 90 cv de potência e 22,4 kgfm de torque, além de uma autonomia de 320 km a 370 km, com a boa utilização do sistema de regeneração de energia vindo das frenagens, realimentando as baterias.
Como o custo de 1 kWh no Paraná é próximo a R$ 1, o casal desembolsará cerca de R$ 40 para completar a carga.
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O preço do carro ainda é um impeditivo para que a Renault faça volume com Zoe no Brasil - na Europa, ele é o 100% elétrico mais vendido. No entanto, o segundo lote que chegará em abril já terá o dobro de unidades disponíveis - 40 carros.
Desde novembro passado, a alíquota para a importação (IPI) para veículos elétricos caiu de 25% para 8% (quase similar à dos carros 1.0, que é de 7%), como prevê o novo regime automotivo Rota 2030. A Renault informa que a redução já está impactada no valor do hatch premium.
A encomenda de uma unidade do próximo lote pode ser feita pelo hotsite do carro com o mesmo preço de lançamento e mediante sinal de R$ 2.990 na reserva.
Custo da bateria caindo
"Na Europa, com os incentivos do governo de cerca de 5 mil euros no valor final do carro, é possível comprar um Zoe pelo preço de um Clio (que chegou à quinta geração e por lá é um carro premium)", diz o diretor de Comunicação da Renault do Brasil, dando a entender que ainda falta mais subsídios federais para fomentar as vendas de elétricos no país.
O Zoe é vendido na França, por exemplo, por 23,2 mil euros (algo em torno de R$ 100 mil).
Ele lembra que nos últimos anos no mundo houve um crescimento de 35% na comercialização de modelos movidos a energia limpa, sendo que na Europa o salto foi de 60%.
Segundo o diretor, a tendência é o preço do elétrico cair gradativamente, ao ponto de logo se igualar aos carros convencionais
"O custo dos motores a combustão está subindo, com a tecnologia downsizing e a aplicação cada vez maior de turbo e injeção direta. Já a propulsão elétrica vem caindo e com ganhos na autonomia. Em dois anos, o Zoe passou de 200 km para quase 400 km com uma carga", ressalta.
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Ele cita o caso do Kwid K-ZE, que será lançado ainda em 2019 na China como o carro elétrico mais barato do mundo. O modelo também deve chegar ao Brasil no futuro, uma vez que ele foi desenvolvido para os mercados emergentes.
Durante o evento desta segunda-feira, o diretor de Comunicação ventilou que a marca voltará a falar de carro elétrico no Brasil em breve, possivelmente com outra novidade.
Domínio Renault no Brasil
No Brasil, além do Zoe, a Renault também comercializa outros dois 100% elétricos: o quadriciclo Twizzy e a van Kangoo ZE. Ambos, porém, voltados para o uso comercial por empresas no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraná e até Fernando de Noronha.
Um em cada dois veículos elétricos vendidos no Brasil ostenta o logotipo da marca francesa. "Já são 200 unidades da Renault em circulação no país", garante Caíque.
Em breve o Zoe ganhará a companhia do Nissan Leaf, que está em pré-venda e estreia nas lojas na virada do semestre, o Chevrolet Bolt, previsto para o segundo semestre, e o JAC iEV40, programado para ser lançado em julho.
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