Avaliação
Picape encara bem as trilhas leves, mas peca nas ultrapassagens
O visual lameiro da Saveiro Cross até estimula a colocá-la em trechos fora-de-estrada. Durante a apresentação do carro, em Campinas (SP), a reportagem pode sentir o desempenho num curto trajeto de terra, com alguns buracos "suaves" e valetas. O modelo se saiu bem, ajudado pelos pneus ATR de medida 205/60 nas rodas de aro 15, para uso misto, e a suspensão elevada. No entanto, evite terrenos mais hostis, pois a nova configuração da picape não possui recursos genuinamente off-road.
No asfalto, sem carga na caçamba, a suspensão da Cross se mostrou equilibrada, mas em curvas mais fechadas ela faz mensão de sair de traseira em velocidades altas. Nas freadas bruscas, a traseira levanta um pouco e faz o modelo mergulhar, mas nada que realmente assuste. Na medida que o ponteiro do velocímetro sobe aparece um ruído vindo da capota marítima, sacudida pelo vento.
O motor VHT 1.6 de 104 cv com etanol mostra disposição na vida urbana e até demonstra força nas primeiras acelerações em rodovia, mas é preciso esticar bastante as marchas e fazer trocas a todo momento para encher o motor nas ultrapassagens e encarar trechos de subida. A Volks fala em máxima de 177 km/h e zero a 100 km/h em 11 segundos, no álcool. No consumo, o computador de bordo da versão avaliada conferiu média de 7,3 km/l, um pouco desanimador para um trecho estritamente rodoviário e com 100% de etanol no tanque.
Abalar a hegemonia do Fiat Strada, que começou o ano com 49% do mercado de picapes compactas, ainda é uma possibilidade remota para os concorrentes. Porém, a Volkswagen parece dar sinais de que pelo menos é possível diminuir esse abismo. No mês passado, a renovada Saveiro recuperou do Chevrolet Montana o posto de segunda picape mais vendida no país (25% contra 22% da fatia de consumidores) e, provavelmente, contribuiu para que a líder tivesse seu menor volume de unidades emplacadas desde fevereiro de 2009 (a Strada totalizou 6.502 diante das 3.380 da Saveiro).
Na última segunda-feira, a VW apresentou mais uma arma que promete esquentar ainda mais a briga neste segmento. Lançou a Saveiro Cross, que chega às concessionárias no fim de março. O carro segue a mesma fórmula da maioria dos modelos com apelo aventureiro: apliques visuais off-road, suspensão elevada, pneus de uso misto e uma lista de itens de série bem recheada.
A Volks estima que a versão responda entre 20% e 30% na comercialização de toda a linha Saveiro e assim ajude a picape compacta, feita em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, a alcançar a média de 5 mil unidades mensais projetadas no lançamento da nova geração do comercial leve, em agosto do ano passado. A Strada Adventure, correspondente Fiat à novidade da VW, é responsável por 35% das vendas do modelo da fabricante italiana.
O lançamento segue os parâmetros do novo Cross Fox (até a "cor de trabalho" é a mesma, o laranja atacama há outras seis), mas com cara de Gol Geração 5. O preço inicial é de R$ 41.840, com um bom pacote de equipamentos, mas sem ar-condicionado. Com ele, o custo sobe para R$ 44.684. Completa, com air bag duplo, freios com ABS, rádio MP3 com entradas USB, SD Card e Bluetooth e volante multifuncional, chega a R$ 47.937. O Strada Adventure começa em R$ 46.020 já com ar, mas ao receber capota marítima e retrovisores elétricos, oferecidos de série pela Cross, alcança os R$ 48.440. Só que tem bloqueio do diferencial dianteiro e um motor 1.8 de 112/114 cv, mais potente que os 101/104 cv que o 1.6 da Saveiro.
A Cross está disponível apenas com cabine estendida, o que a diferencia das demais configurações da picape, que partem de R$ 32.030 (R$ 34.830 com cabine estendida); a Saveiro intermediária é a Trooper (R$ 37.670 com cabine simples e R$ 40.300 com estendida).
Como todo veículo pseudo-off-road, a Cross traz também molduras pretas nos para-choques, nas caixas de roda e nos frisos laterais, que emprestam robustez ao carro. No teto, o rack se integra à caçamba, como se fosse uma espécie de santantônio. O conjunto ótico tem lentes escurecidas nos faróis, enquanto os faróis auxiliares no spoiler dianteiro lembram os do CrossFox 2010. A suspensão traseira é elevada em relação à dianteira, para suportar carga na caçamba. O modelo oferece o degrau para acesso à carga, uma boa ideia copiada da Chevrolet Montana.
Entre os itens que a VW aponta como exclusivos da Saveiro Cross no segmento de picapes pequenas estão capota marítima, ganchos de fixação de carga deslizantes, sensor de estacionamento traseiro, repetidores de seta nos retrovisores e pneus Pirelli Scorpion com inscrição em branco. Já na concorrente Strada Adventure Locker, a exclusividade está no sistema de diferencial blocante, que faz com que as rodas girem igualmente em situações de baixa aderência, bússola e inclinômetros longitudinal e transversal.
A Cross sai de fábrica também com direção hidráulica, trio elétrico lanterna de neblina, volante e banco do motorista com ajustes de altura e de profundidade, para-sóis com espelhos iluminados e alarme na chave do tipo canivete.
O interior lembra um mix de Gol G5 e CrossFox; o painel é do primeiro, mas a "pegada" é do segundo. Os bancos em tecido trazem o padrão "embossment", que imita o rastro de pneus numa trilha. Por ser cabine estendida, há um bom espaço para levar bolsas e pequenas malas. Para quem sentiu falta de uma cabine dupla no modelo, a exemplo do que a Fiat fez com a Strada, más notícias: a VW não tem a intenção de lançar uma picape semelhante. Segundo a montadora, a Saveiro Cross foi desenvolvida para jovens que pretendem usar o carro no dia a dia nas cidades e em viagens a dois.
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