O proprietário de um veículo usado agora pode contratar um seguro com até 40% de desconto no valor da apólice. Finalmente começa a vigorar o ‘seguro auto popular’, modalidade que visa a utilização de peças seminovas e genéricas para a recuperação de sinistrados - as regras haviam sido aprovadas em abril deste ano, mas tiveram de passar por uma reformulação antes de serem ‘aceitas’ pelas seguradoras.
Carros mais roubados no PR e o custo do seguro
Leia a matéria completaO novo sistema de cobertura terá como foco principal modelos com mais de cinco anos de uso, que já estariam fora da garantia de fábrica e que, segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), não costumam ser protegidos pelos donos com apólices comuns.
Parte das peças virá de empresas de desmontagem credenciadas, com os componentes de acordo com às exigências técnicas feitas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A indenização ocorrerá tanto para colisões com danos mínimos ou parciais até a perda total, roubo ou furto.
A primeira empresa a oferecer a modalidade dentro das novas regras será a Azul, que integra o grupo Porto Seguro. Por enquanto, disponível para usuários da região metropolitana de São Paulo e veículos com 5 anos ou mais de uso. Contudo, isso não é uma regra da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Caberá as próprias seguradoras definir a idade do veículo contemplado.
A comercialização da Azul Seguros começa daqui duas semanas e a empresa pretende expandir a oferta para outras regiões. Outras companhias devem aderir ao seguro popular em breve.
Confira abaixo oito respostas para as principais dúvidas sobre o novo plano:
1. Que tipo de veículo pode ser segurado?
A cobertura está disponível para qualquer modelo de automóvel e ano de fabricação, apesar de o produto estar voltado para aqueles com mais de cinco anos de uso. É que neste caso o custo-benefício da apólice é mais atraente, pois diminui a proporcionalidade de gasto com seguro em relação ao valor do veículo.
O foco são pessoas que ainda não têm um seguro auto devido ao preço. Atualmente a frota brasileira é formada por 60 milhões de veículos, mas apenas 17,5 milhões estão segurados, ou seja, 30%. O mercado revela que a medida que o carro vai envelhecendo, o proprietário desiste de fazer a cobertura, porque o custo fica elevado.
LEIA MAIS: Saiba como reduzir o seguro do carro
A Azul Seguros será a primeira companhia a disponibilizar a cobertura mais popular. E ela vai liberar somente para veículos com 5 anos ou mais de uso e com o valor máximo do automóvel de R$ 60 mil. O modelo precisa ainda estar dentro de uma lista de 40 modelos populares (ainda não divulgada), que incluem de Palio, a Corolla.
Mas, as outras seguradoras terão autonomia para definir idade, valor máximo e modelo do veículo a ser favorecido.
2. O que cobre?
Como em qualquer outra contratação de seguro, é preciso ficar muito atento no que está escrito na apólice. A indenização acontecerá em caso de colisões com danos parciais, perda total, roubo ou furto. É proibida a oferta que preveja apenas a indenização integral por colisão.
Entre os itens cobertos estão lanternas, para-choque, para-lama, assoalho, portas, banco, etc. Já componentes considerados essenciais à segurança não podem ser usados na reposição, como sistema de freios, de suspensão (amortecedores e pneus, por exemplo), de direção, de airbags, de cintos de segurança e vidros (que tragam as gravações dos números de chassis).
LEIA MAIS: No Paraná, mulher acima de 45 anos paga seguro de carro mais caro que o homem
A Azul vai oferece uma cobertura básica para colisão, roubo e furto, com indenização de 80% a 90% da Tabela Fipe. Também incluirá assistência 24 horas e guincho (até 100 km). Outras empresas poderão, no entanto, indenizar por um valor estipulado na hora do contrato.
Além disso, o segurado tem direito à cobertura de Responsabilidade Civil Facultativa (RCF), Danos Morais e Estéticos.
Observe também se a apólice inclui outros serviços, como guincho, carro reserva, etc.
3. Quais peças poderão ser usadas?
Diferentemente dos seguros tradicionais, no popular é permitido fazer o conserto com componentes genéricos (novos), feitos pelas próprias fornecedoras das montadoras, dentro das mesmas especificações, mas vendidas sem a marca no mercado paralelo.
Há também a possibilidade de peças seminovas e usadas retiradas de veículos sinistrados, em que a seguradora indeniza totalmente o cliente e fica com o bem recuperado.
Também são oriundas de desmontagens credenciadas pelos Detrans - está em vigor desde 2014 a Lei do Desmanche, que passou regulamentar o serviço como negócio legal.
4. Posso escolher uma oficina de confiança?
O segurado terá a liberdade de realizar consertos em oficinas de sua escolha, mas é provável que para obter uma maior margem de desconto ele terá de aceitar algumas restrições, como estabelecimentos credenciados e referenciados pela companhia seguradora.
A própria Federação Nacional de Seguros Gerais (FenaSeg) pede para que seus corretores indiquem uma rede ‘parceira’ por entender que nem todas as oficinas estão preparadas para trabalhar com peças genéricas e seminovas. A concessionária, por exemplo, só trabalha com produtos originais.
5. Devo ser informado do uso de peças seminovas ou genéricas na contração do seguro?
Sim. A prestadora do serviço deve comunicar e deixar bem claro que os reparos serão feitos com peças usadas, seminovas ou similares. A norma da Susep diz que “a seguradora somente poderá utilizar peças de reposição não originais após autorização específica do segurado no momento da contratação”.
LEIA MAIS: Veja a lista dos carros que mais perdem valor após um ano de uso
A Fenaseg, porém, orienta seus associados a ofereceram antes a cobertura tradicional, com peças originais, e só depois, mediante o desinteresse do cliente em assumir o custo, apresentar o opção mais popular.
O mercado de peças de desmontagem ou genéricas já é bastante consolidado no Brasil, pois, em oficinas que não são as das concessionárias, muitos consumidores recorrem a essa opção. A diferença é que até então as seguradoras não as utilizam nas reposições, o que acaba por elevar o custo do seguro.
7. Posso parcelar o seguro popular?
Sim. Para toná-lo ainda mais atrativo, as seguradoras podem optar por parcelar em mais vezes que o habitual - até 12 vezes, dependendo do plano - e dar alternativa de que o segurado escolha alguns itens para pagar à parte.
Lembre-se: antes de fechar um seguro popular, você precisa entender as coberturas inclusas e saber se elas são as melhores para suas necessidades.
8. Vantagens e desvantagens:
Para baratear o valor do seguro na modalidade tradicional, as companhias acabam reduzindo os prêmios pagos no sinistro e retirando alguns itens da cobertura. Nesta nova modalidade, diminuem-se os custos na hora do conserto, usando peças certificadas usadas ou novas compatíveis. Os preços das apólices tendem a ficar de 20% a 40% mais em conta
Os carros antigos, com mais de 5 anos, por exemplo, têm poucas peças novas nas montadoras. Com isso, os preços do componente e do seguro tendem a ser maior. Valor que cairá no seguro popular com o uso de itens genéricos e seminovos.
Vale reforçar que são peças que não influenciam na segurança do veículo.
O consumidor que aderir a esse plano sabe que não pode ter um seguro tradicional e, por isso, deve entender que seu plano será mais restrito na cobertura.
Por enquanto, o uso de peças similares (como também seminovas) pode comprometer a garantia de fábrica caso ela ainda esteja vigente no veículo - algumas marcas, como a Hyundai e Kia e a chinesa JAC, oferecem garantia entre 3 anos e 6 anos.
Peças usadas estarão mais desgastadas que peças novas. Isso não significa que algum problema irá acontecer, mas é mais provável que em caso de peças recentemente saídas da fábrica.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast
Deixe sua opinião