Seminovos tornam o luxo mais acessível

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Apaixonado por carros, o brasileiro costuma ter muitos sonhos. O de ter o primeiro automóvel, depois comprar o primeiro veículo zero quilômetro e, quem sabe um dia, dirigir um modelo de luxo. Para a maioria, porém, esta última conquista dificilmente será saboreada.

Mas mesmo entre aqueles que já têm condições de andar de carrão por aí, o mercado de veículos seminovos oferece oportunidades interessantes, com modelos de alto padrão que, devido à depreciação pelo uso, oferecem preços mais convidativos. "É a porta de entrada para esse universo dos carros de luxo", destaca André Bussolari, sócio-proprietário da Afan Car Multimarcas, loja especializada neste segmento.

Quem sonhou a vida inteira em ter um Porsche, por exemplo, pode encontrar na loja um Boxster 2010 por R$ 214.900. Claro, não é um carro para qualquer bolso, mas se torna um sonho um pouco mais atingível do que comprar uma unidade zero, com preço mínimo girando em torno dos R$ 300 mil.

Boa parte dos clientes que procura o estabelecimento, segundo Bussolari, tem plenas condições de adquirir um modelo de alto padrão novo, mas de olho no preço, custo-benefício ou até pela preferência por um exemplar específico, optam pelo seminovo. "São pessoas inteligentes e que sabem fazer um bom negócio", ressalta.

Já o diretor comercial da Divesa Automóveis, Darcy Boz Júnior, diz acreditar que esse público vem passando por uma transformação nos últimos anos, com a inclusão de consumidores que consideram mais vantajosa a compra de um carro importado seminovo do que um nacional. "Aumentou o preço dos modelos nacionais com a adoção de novas tecnologias e equipamentos e em alguns casos o valor do zero quilômetro já se aproxima do importado."

Independentemente do perfil, o que os clientes dessas máquinas procuram, além do preço, é a qualidade e a sofisticação disponíveis, que em vários casos oferecem inovações iguais ou até superiores a de automóveis lançados recentemente no mercado brasileiro. Afinal, o que há de mais interessante no mercado automobilístico, quase sempre, surge primeiro lá fora e depois por aqui. "Tenho produtos, por exemplo, que em dois anos não tiveram nenhum acréscimo ou mudanças em equipamentos nas versões mais novas", ressalta Boz.

Tais modelos também costumam se destacar pela baixa quilometragem e boas condições de conservação. "São carros tratados ‘a pão de ló’, muito bem cuidados, com manutenção em dia e que não rodam em qualquer lugar", afirma o diretor do grupo Euro Import, Ricardo da Cunha Pereira.

A boa procedência é outro atrativo segundo o diretor comercial da Divesa. "É muito difícil ter algum problema com documentação, pela idoneidade dos clientes. Assim como é difícil também ter carro com suspeita de ser roubado, pois, geralmente, são veículos rastreados."

Manutenção

É claro que quando se trata dos custos para manter um carro desse nível o consumidor deve avaliar bem se o negócio é realmente viável, pois, assim como o automóvel, a manutenção é mais cara e, dependendo do modelo, a disponibilidade de peças pode ser escassa no Brasil.

Algo que o diretor da Euro Import observa ter melhorado bastante, com a maior presença de concessionárias e fornecedores de peças. É o que ressalta também o executivo da Divesa, que ainda destaca a perspectiva de um mercado ainda melhor no futuro, com a chegada de algumas fábricas ao país. Mercedes-Benz, BMW e Land Rover, por exemplo, já confirmaram produção nacional. "As montadoras estão trabalhando muito nisso, já que até pouco tempo a indústria era muito elitizada. As fábricas trazem novos fornecedores e fomentam também o comércio de peças de modelos que não serão fabricados aqui", afirma Boz.