| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Funcionamento

Manutenção precisa estar em dia para o sistema agir com eficiência

O EcoStill entra em operação quando o motorista pisa no freio e coloca o câmbio no ponto morto. Imediatamente o motor desliga. E volta a funcionar assim que a marcha é engatada e o pedal de freio liberado. Caso a embreagem permaneça pressionada, o motor continuará operando. "Achei melhor assim para facilitar aquelas paradas rápidas, nas quais o trânsito volta a fluir logo em seguida", explica Lauro Blanco, responsável pelo produto. O sistema só desliga o motor; todo o restante do veículo continua funcionando normalmente.

A reportagem conferiu essa eficiência ao rodar por um trajeto de muitos semáforos e cruzamentos, próximo ao Parque Barigui, em Curitiba. O propulsor desliga repentinamente e, para quem não está familiarizado com a tecnologia, a sensação é a mesma de quando se deixa o carro ‘morrer’. Mas antes que o desespero venha, é só engatar a marcha novamente. "É importante frisar que o funcionamento adequado dependerá das condições perfeitas de componentes como bateria, alternador, motor de arranque e sistema de injeção", observa Nicolay Bohatchuk de Araújo, engenheiro eletrônico que fez parte do desenvolvimento do projeto, juntamente com o engenheiro mecânico Waldyr Franzolin Júnior. "O ideal é realizar um check-list antes da instalação para ver se está tudo em ordem", complementa o especialista.

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Saiba mais

A função que calcula no GPS o tempo de viagem foi a inspiração para Blanco criar o Ecostill

Câmbio automático

Num primeiro momento, o produto só poderá ser instalado em carros com câmbio mecânico. O sistema já está sendo testado em um Honda Civic automático e, possivelmente, até o fim do ano também estará disponível nesta opção.

Partida bebe menos

A fase experimental revelou também que durante a partida o consumo de combustível é bem menor do que ficar com o carro ligado na marcha lenta. A cada giro da chave, o Ford Fiesta 1.0 Flex utilizado nos testes "bebeu" 3,5 ml de combustível, enquanto que o hatch funcionando e imóvel gastou 40 ml/minuto.

Montadora

Blanco apresentou o Ecostill para algumas marcas automotivas. Mas, segundo ele, é necessário estar antes no mercado para então as fabricantes ‘comprarem’ a ideia e homologá-lo como fornecedor oficial.

Onde instalar

Confira no site www.ecostill.com.br os pontos em Curitiba já credenciados para a instalação do dispositivo.

O professor Mauro Rodbard trocou o desligamento manual do motor pela opção automática
Receoso no início, o taxista Manuel Lima hoje não abre mão do sistema inteligente

Já parou para pensar quanto tempo se perde em semáforos fechados e congestionamentos no trânsito de um grande centro urbano? E a quantia de combustível que vai embora sem que o veículo saia do lugar? Se você ainda não fez esse cálculo, o economista Lauro Donizetti Blanco, 53 anos, radicado em Curitiba desde 1988, tem esses números na ponta do lápis: em média, diariamente o período imóvel é quase 30% do tempo gasto no percurso. E essas pausas, no fim do mês, se traduzem em cerca de 30 litros de combustível consumidos, sem contar a emissão desnecessária de gases poluentes ao meio ambiente.

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A solução para diminuir o tempo parado está cada vez mais distante com o aumento gradativo da frota de veículos, contudo para o desperdício no consumo e a produção extra de gases nocivos à saúde já existe saída: uma tecnologia que desliga o motor quando o carro para e o liga automaticamente na aceleração, sem precisar mexer na chave de ignição.

Conhecido como Start/Stop, o sistema é usado em larga escala na Europa e Estados Unidos, devido às legislações antipoluição mais rigorosas, mas no Brasil ainda é um equipamento restrito a alguns poucos importados de marcas premium, como Audi, BMW e Mercedes-Benz – recentemente a Honda introduziu essa tecnologia na scooter PCX 150.

A Bosch anunciou que trará o Start/Stop para o país no próximo ano. Antes disso, porém, um dispositivo similar já estará à venda em Curitiba. Em julho será lançado o Ecostill, um produto idealizado a partir daqueles cálculos feitos por Lauro Blanco, que também assina a criação. A novidade oferece uma vantagem em relação ao modelo existente: não é preciso comprar uma BMW para usufruir da tecnologia.

A ideia do economista, com a patente devidamente requerida, funciona de forma independente e pode ser instalada em qualquer veículo, seja automóvel, moto ou caminhão, por um valor estimado de R$ 900. "É tão simples como colocar um alarme. Basta procurar um instalador credenciado", garante Blanco, que também é apaixonado por carros do passado.

Teste

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Com ajuda de profissionais na área de mecânica e eletrônica, ele desenvolveu e testou seu projeto por dois anos e meio até chegar a um equipamento capaz de gerar uma economia de combustível de até 33% com o desligamento automático do motor em paradas frequentes. Tal desempenho foi alcançado com um Fiesta hatch 1.0, intercalando dois minutos rodando com um minuto parado. "Situação esta muito próxima à realidade das ruas", afirma.

Usando como campo de prova um trecho de 21 quilômetros da rodovia BR 227, entre Curitiba e Campo Largo, o Ford registrou o consumo médio de 20,83 km/l, a uma velocidade constante de 70 km/h e em quarta marcha. Sem desligar o motor nas pausas, a média foi de 15,68 km/l.

Segundo Blanco, um motorista circula cerca de 50 quilômetros todos os dias em Curitiba e quase 22 mil quilômetros por ano. "Imagine a economia que se pode obter. É irracional ficar tanto tempo parado com o carro ligado, queimando combustível, consumindo óleo, desgastando componentes do motor e emitindo fuligens, ruí­dos, calor e gases poluentes à atmosfera", salienta.

O economista observa que além dos benefícios ao bolso e ao meio ambiente, o EcoStill também propicia desfrutar de uma nova sensação à bordo do veículo. "O chacoalho e o barulho diminuem. Você consegue ouvir o rádio em volume normal e até o que os ocupantes do carro ao lado estão conversando", ressalta.

‘Cobaia’ diz que economia cobre possível dano no motor de partida

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A busca pela economia é uma passageira constante no carro de Mauro Gomes Rodbard, 54 anos, professor de Física da Universidade Federal do Paraná (UFPr). Ele tinha como prática desligar o motor a cada parada em semáforo, com o intuito também de evitar que o propulsor do seu então Corcel II 1979 superaquecesse ou ficasse ‘batendo’. Até que Rodbard foi apresentado ao Ecostill e acabou virando uma das ‘cobaias’ no desenvolvimento do projeto criado por Lauro Blanco.

Já proprietário de um Ford Versailles 1991, o professor viu desaparecer o incômodo de girar a chave para reativar o motor do carro. "A redução que consegui no consumo depois da instalação é enorme. De 25% a 30% na cidade", garante ele, arriscando um valor aproximado de quase R$ 3 mil a menos na despesa anual com combustível – ele roda em média 45 quilômetros por dia com a sua perua.

Em dois anos e meio testando o produto, Rodbard viu o motor de arranque pifar uma vez – trata-se de um componente elétrico responsável por dar a partida no motor. Segundo Blanco, esse tipo de problema já era previsto no projeto, uma vez que a peça é acionada várias vezes ao dia. Os itens que mais desgastam são as escovas que compõem o motor de partida. "Um jogo de escovas custa cerca de R$ 70. Caso seja preciso trocar todo o conjunto, o gasto não passa de R$ 300 (Rodbard desembolsou R$ 210). É um valor irrisório diante da economia obtida por anos", diz.

Cobaia há 1 ano e 8 meses, o taxista de Curitiba Manuel Ferreira Lima, 58 anos, ficou receoso em instalar o Ecostill no seu Corsa Sedan seminovo, adquirido em 2010. "O carro ainda estava na garantia e, como mexia com a parte elétrica, fiquei com medo de perdê-la", lembra. Mas nada de anormal ocorreu desde então, a não ser o fato de o taxista perceber que os intervalos de visita ao posto de combustível estavam cada vez maiores. "Só deixo de utilizá-lo quando estou com pressa, como ao levar um passageiro para o aeroporto [o sistema pode ser desligado por meio de um botão no painel]", destaca Lima, que percorre 3 mil quilômetros por mês.