A Toyota anunciou que irá encerrar em agosto o terceiro turno nas unidades de Sorocaba (SP) e Porto Feliz (SP). No local são produzidos os modelos Etios e Yaris, além de motores. A decisão impactará na demissão de 840 funcionários, com riscos de novos desligamentos.
O motivo alegado pela fabricante japonesa é a queda nas exportações, especialmente para o mercado argentino, abalado por um forte crise e principal destino dos veículos da Toyota. O Etios chegou a ser o carro mais emplacado no país vizinho.
Nesta semana já foram desligados 340 trabalhadores e outros 400 sairão até o fim da jornada noturna. Em comunicado, a Toyota informa que a redução ocorreu de duas formas: "PDV (contrato efetivos) e a não renovação de parte dos contratos temporários ligados ao terceiro turno (finalizado em 17 de junho), totalizando 340 postos".
>> Volks planeja invasão de carros elétricos com o sacrifício de 7 mil empregos
A marca ainda informa que não serão renovados os contratos de 400 funcionários em Sorocaba e 100 em Porto Feliz. A renovação ocorria a cada seis meses.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) disse que tentou evitar os cortes nas duas unidades por meio de uma negociação feita há pouco mais de um mês. A entidade propôs uma alteração no calendário, com a aprovação dos trabalhadores da Toyota, mas não obteve sucesso.
"Fomos pegos de surpresa", informa Leandro Soares, presidente da SMetal. "Além de fechar todo o turno, a empresa também disse que opera com ociosidade, tem estoque elevado - equivalente a 32 dias de vendas - e estuda novas demissões."
>> Governo oficializa as novas regras para tirar a CNH; veja o que muda
Sexta montadora em 2019
Mesmo o crescimento de 11,4% do mercado brasileiro no primeiro trimestre de 2019, segundo dados da Anfavea (que reúne as fabricantes de veículos), não foi suficiente para repor as perdas nas exportações e garantir a manutenção do turno extra nas duas fábricas.
Até maio deste ano, a Toyota ocupava o sexto posto no ranking das marcas que mais vendem no Brasil. A participação dela foi de 8,29% do mercado de automóveis e comerciais leves. O Corolla é o carro mais licenciado da marca, ocupando o 12.° posto entre os mais vendidos no país
A montadora afirmou que irá dar todo o suporte para as pessoas envolvidas no terceiro turno, criado em novembro de 2018, quando o mercado estava reagindo à crise de anos anteriores, com a alta na demanda e, consequente, aumento na produção.
>> Placa Mercosul terá novidades para facilitar identificação e evitar clonagem
A capacidade produtiva fora ampliada de 108 mil para 160 mil unidades. A previsão é fechar o ano com 125 mil unidades, mesmo volume de 2018, dos quais 30% seriam exportadas, a maioria para a Argentina, que reduziu pedidos em razão da crise.
A jornada estendida visava acomodar a produção de dois modelos, o Etios e o recém-lançado Yaris, nas carrocerias hatch e sedã. O contingente de funcionários da Toyota antes da demissão era de 2,8 mil pessoas em Sorocaba.
Para reduzir custos, a Toyota também propôs corte de benefícios para os trabalhadores das quatro fábricas do grupo, incluindo a de Indaiatuba, onde produz o Corolla, e a São Bernardo do Campo, voltada a componentes. Entre as medidas, segundo Soares, está a suspensão de aumento real de salários até 2021, redução de participação nos lucros e coparticipação dos trabalhadores no plano de saúde.
SIGA O AUTO DA GAZETA NO INSTAGRAM
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast