Motorista há 9 anos, o economista Maurício César Zornig, 29, nunca esteve envolvido em acidentes de trânsito. Mais como o seu carro, um Fiat Palio, é considerado popular, o preço que paga pelo seguro é alto. Tudo porque Zorning se enquadra no que as seguradoras consideram um dos fatores de risco para sinistros (acidentes previstos no contrato com a companhia de seguros): ele é jovem, solteiro e do sexo masculino.

CARREGANDO :)

Adquirir um veículo, hoje, significa também arcar com os gastos de sua proteção. E fazer um bom seguro pode não ser tão simples quanto parece. Isso porque as seguradoras têm procurado cada vez mais personalizar a cobrança de seus serviços. Para o corretor de seguros Guilherme Wrany Júnior, da empresa Wrany Seguros, é preciso ficar atento a uma série de detalhes para não levar um susto na hora da assinatura do contrato. Segundo ele, valor e modelo do veículo são critérios básicos para estabelecer a cobrança do serviço. Porém, somados a isso, alguns fatores são capazes de encarecer ou baratear esse custo.

É o caso dos equipamentos extras de segurança, como travas, alarmes e rastreadores eletrônicos. Instalar estes itens no carro pode render ao segurado um bom desconto, em geral de 10 a 20%. A falta de proteção e cuidado, no entanto, pode levá-lo a amargar um aumento considerável no valor a ser pago. É o que ocorre com quem deixa o automóvel fora da garagem ou o utiliza para o trabalho. "Veículos de uso comercial tem valores de seguro mais elevados que os de passeio, pois estão sujeito a situações que geram maior risco para sua integridade", explica Wrany Júnior.

Publicidade

Perfil do condutor

O perfil do condutor também é decisivo. Para o corretor, a grande maioria das seguradoras estabelece a cobrança de acordo com as características dos segurados e dependentes que utilizam o veículo. Fatores como histórico de envolvimento em acidentes de trânsito, idade e sexo podem salgar ou adoçar o preço do serviço. Em geral, a cobrança é maior para condutores jovens e do sexo masculino, como no caso de Zornig. De acordo com Wrany Júnior, essa faixa etária – sobretudo dos 18 aos 26 anos – e sexo são considerados críticos devido aos altos índices de acidentes de trânsito a eles relacionados. Porém, motoristas mais velhos não estão livres. Ter um dependente jovem que também utilize o veículo pode significar gastos a mais. "Já vi seguro que para a mãe custava R$ 4 mil, mas que aumentava para R$ 11 mil devido a seus dois filhos jovens, também motoristas", exemplifica.

O modelo do veículo pode ser outra armadilha na hora de se garantir a sua segurança. Para Élcio Ricardo de Miranda, corretor da Seguros Cartagena, o segredo é fugir dos automóveis com alto índice de furtos. E mais ainda, evitar modelos do tipo esportivo, considerados de risco pelas companhias de seguro, devido principalmente a sua potência. Segundo Miranda, os carros populares ainda são os que apresentam os preços mais acessíveis para sua proteção. "O seguro de carros como Ford Ka e o Chevrolet Celta ainda são bem inferiores se comparados com modelos de segmentos superior", afirma.

Antigos

Os "velhinhos" também podem virar vilões nessa história, lembra Wrany Júnior. De acordo com ele, automóveis com muito tempo de uso têm, em geral, taxa de seguro – que é a relação entre o valor do veículo e preço do serviço da seguradora – bastante elevada."Existem casos em que o seguro é mais caro que o próprio valor de mercado do automóvel", aponta o corretor.

Publicidade

Com tantos detalhes, a melhor saída para bolso e veículo do futuro segurado é mesmo consultar um corretor, como indica Miranda. "É preciso alguém que conheça todas as possibilidades e vantagens. As vezes a pessoa contrata um serviço por um preço baixo, mas ele não cobre quase nada", aponta Zornig, que seguiu o conselho antes de escolher a sua seguradora, mas ainda não precisou fazer uso de seus benefícios. Embora considere o valor que paga injusto no seu caso, o economista admite: "Não dá para se ter um carro sem seguro, hoje em dia".