Dicas
Foco: escolha uma linha ou tema específico para colecionar.
Controle: imponha um limite para gastar.
Organização: catalogue os carrinhos, para saber o que precisará comprar.
Paciência: leve como hobby e não se desespere quando não encontrar o modelo pretendido de imediato.
Largou o terno para virar colecionador
Hilton Ricardo de Sá, de 35 anos, deixou de lado a profissão de executivo para se dedicar às miniaturas. Abriu a CWB Garage, especializada em modelos importados. "Há cinco anos um amigo do trabalho me mostrou a sua coleção e eu o provoquei: Com essa idade, voltando a brincar de criança", lembra.
O colega então o convidou para um encontro de colecionadores e a partir daí ele viu que o negócio era sério. Em 3 anos e meio já tinha mais de 5 mil unidades. "Como executivo ganhava três vezes mais do que hoje, porém quase enfartei. Só que agora eu faço isso com prazer e amor", declarou Sá, que também é um dos fundadores do Espaço Diecast (facebook.com/Espacodiecast.com).
As primeiras miniaturas de carros surgem ainda na infância, apenas como um passatempo. Fatalmente serão jogadas de um lado para outro, arremessadas em queda livre de uma sacada, e esfoladas e quebradas de tantas batidas entre elas, para o sorriso e a gargalhada dos seus pequenos donos. Com o passar dos anos a diversão tende a ser outra, como futebol e videogame, mas há quem mantenha essa relação com os carrinhos, agora de maneira mais cuidadosa, incentivada, principalmente, pelos pais, ou então decida resgatá-la já na fase adulta. É aí que surgem as coleções.
Começar no colecionismo é fácil e barato. Existe uma infinidade de modelos disponível em supermercados e lojas de departamentos. Os mais famosos são os da Hot Wheels, que custam a partir de R$ 5 na escala 1/64 (64 vezes menor de que um carro em tamanho real). Matchbox, Maisto e a Johnny Lightning são outras marcas que fazem sucesso por aqui.
O difícil é controlar a vontade de ver a coleção crescer o mais rápido possível. "Chega um momento em que colecionar pode deixar de ser um hobby e virar um vício. Conheço pessoas que tiveram sérios problemas financeiros por que perderam o limite", afirma Roniel Iunckovski, 26 anos, um dos fundadores do Espaço Diecast, em Curitiba, local criado para a troca, comercialização e busca de informações sobre miniaturas.
Desde 2005, ele respira o mundo em escala reduzida. Hoje conta com 300 unidades, mas já chegou a ter 3 mil. Segundo ele, colecionar todas as miniaturas que achar pela frente não é o mais indicado. O ideal é concentrar em um tema específico, como modelos customizados, por exemplo, ou organizar diversas linhas que lhe agradam, como réplicas de Chevrolet, Ford e Volks.
À medida que se vai atrás de informações e de novas miniaturas, descobre-se milhares de opções belíssimas e raras espalhadas pelo mundo. E a tentação para comprá-las a qualquer preço e ter na coleção é grande. "Procure fazer um orçamento para definir o quanto do salário [ou da mesada] será investido", observa Iunckovski, ressaltando que é neste momento que muitos se perdem em suas coleções.
Catalogar todas as aquisições e não se desesperar caso não encontre o modelo procurado também ajudam a evitar que o prazer do hobby se torne um motivo de estresse. "Dependendo do modelo, é preciso garimpar de dois a três meses para encontrá-lo", salienta.
Sandro Stremel, outro fã de miniaturas que ajudou a criar o Espaço Diecast, diz que dá para montar uma bela coleção com os modelos vendidos no mercado nacional, porém, caso de prefira peças vindas de fora o preço varia de R$ 30 a R$ 600. "A linha Collectors, da Hot Whells, por exemplo, sai por R$ 30 cada veículo e está fora do catálogo anual da marca, ou seja, dificilmente será encontrada em lojas populares do Brasil", destaca.
Quem coleciona costuma armazenar os carrinhos em estantes próprias para expor no quarto ou na sala. As mais comuns, em MDF, custam R$ 35, em média, com capacidade para 50 unidades. Adicionar uma tampa (em acrílico ou vidro) evita o acúmulo de poeira. Há quem prefira manter as miniaturas nas cartelas, que, além de proteger de riscos, fica mais fácil na hora de trocá-las ou vendê-las.
ComércioDe passatempo a um negócio
Colecionar miniaturas pode virar um bom negócio e não apenas um passatempo. Boa parte dos cerca de 40 colecionadores que participaram do Diecast Mix, em Curitiba, no último sábado, aproveitou o oportunidade para vender carrinhos.
Thales Mancino, de 18 anos, tem uma coleção com cerca de cem modelos, todos importados via internet. Pode parecer pouco, mas ela é na escala 1/18, ou seja, modelos maiores e mais caros. Entre eles estão o Ecto-1, famoso veículo do filme Os Caça-Fantasmas, e a réplica da Ferrari com a qual o alemão Michael Schumacher conquistou o heptacampeonato de F-1. O primeiro era vendido por R$ 450, enquanto o monoposto saía por cerca de R$ 500.
Uma das peças mais valiosas do evento era a coleção de 17 carrinhos em escala 1/43, formando a "Ayrton Senna Racing Car Collection". O dono, Muriel Schiochetti, de 22 anos, buscou o produto no Japão e estava vendendo a R$ 7,9 mil. "A coleção tem, por exemplo, o primeiro carro que Senna dirigiu na Fórmula 1, uma Williams, em 1982, e o Penske Chevrolet [da F-Indy], no qual ele andou em 1992. Ambos guiados como carros de teste", diz Schiochetti.
Já o funcionário público Alceu Cardoso Jr, de 46 anos, entrou para o colecionismo depois de fechar com o filho Rafael, à época com 7 anos, um catálogo anual da Hot Wheels. O número de 200 a 250 carrinhos, na média, lançados pela marca a cada ano, praticamente triplica com as variantes de cores e rodas para um mesmo modelo. "Fechei todos os catálogos desde 2006. Tive de retirar os armários do quarto do meu filho para colocar as estantes com os carrinhos. São 1.400 peças (conjunto avaliado em R$ 30 mil). E os de 2010 e 2011 ainda estão guardados. As estantes deles devem acabar na garagem", afirma Cardoso, que adquire os exemplares em duplicidade para comercializar nos encontros.
Serviço:Coleção Ayrton Senna:(41) 9984-2702. Ferrari Schumacher e Ecto-1: (41) 9922-0648 ou facebook.com/vendahwcars.
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