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Retífica realiza usinagem das peças para dar nova vida ao motor. | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Retífica realiza usinagem das peças para dar nova vida ao motor.| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O avanço na fabricação de motores tem prolongado a vida útil do coração do carro. Se antes com 150 mil quilômetros rodados já era necessário ficar atento para manter o propulsor funcionando em perfeito estado, hoje em dia ele pode chegar a 300 mil km com a manutenção correta e uso adequado do veículo.

No entanto, o descuido do proprietário ou até mesmo contratempos podem abreviar esse período e exigir uma retífica completa. Neste caso, o serviço é responsável por zerar o motor como se estivesse saído de fábrica, inclusive valorizando o carro numa futura venda. “O motor retificado tem a mesma durabilidade de um novo”, garante Francisco Miranda do Vale, técnico e sócio-proprietário do Centro Automotivo e Retífica de Motores Francisco Gomes, de Curitiba. 

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Segundo Francisco, uma oficina com credibilidade irá repor as peças seguindo os padrões de medidas fornecidos pela própria montadora. O profissional conta ainda que nos modelos mais antigos é possível usar os mesmos componentes originais que os de fábrica, uma vez que os fornecedores para o mercado paralelo são os mesmos. 

Geralmente o carro sai da linha de montagem respaldado por um contrato entre fabricante de peças e montadora, no qual impede o fornecedor de repassar peças originais para o mercado paralelo por um período que pode chegar a três anos. Mas isso depende da peça, pois há marcas que não têm essa exigência e as liberam assim que o carro é lançado.

Retífica é o serviço realizado por oficinas especializadas, que desmontam o motor para a análise de cada componente e realizam a substituição dos itens, como bronzinas, anéis e pistões, e a usinagem de peças como virabrequim, bielas, bloco, volante, cabeçote, válvulas de admissão e escape, entre outros.

Sergio Diegues Thomaz, dono da SD Retífica de Motores, de Curitiba.

O recondicionamento do propulsor é indicado quando ele dá os primeiros sinais de que o fim da vida útil se aproxima. “Não se deve esperar o motor fundir para enviá-lo à retífica. Mesmo antes, os sintomas já estão presentes e podem ser detectados pelo próprio usuário”, explica Eclair da Silva, diretor da Só Motores, há quase 30 anos no mercado curitibano. 

Entre os principais indícios de esgotamento estão o consumo excessivo de óleo e água (aquecimento rápido), perda da potência, ruído da parte superior e inferior do motor (desgaste das peças) e fumaça saindo do escapamento. “Assim que perceber essas alterações procure um técnico especialista. Não faça suposições otimistas achando que é um problema qualquer e não precisa de urgência”, aconselha Eclair.

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Sinais de que o motor precisa de retífica:
  • Fumaça de cor azulada saindo escapamento;
  • Óleo vazando no escapamento;
  • Nível do óleo baixa rápido no reservatório;
  • Presença de óleos nas velas;
  • Consumo exagerado de combustível;
  • Perda de potência do veículo;
  • Motor trabalha sempre superaquecido;
  • Ruído metálico no motor ao acelerar.

Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O custo para reformar um propulsor que ainda não fundiu é menor. Depois de comprometido, a recuperação apresenta um gasto mais elevado, já que os danos atingem um número maior de componentes. Há situações em que a economia gira entre 50% a 70%. 

O valor de retífica depende da marca do carro, do desenho do motor e das tecnologias empregadas. Um serviço normal custa, em média, de R$ 3,5 mil a R$ 5,5 mil. Agora se estiver bem avariado, pode chegar a R$ 7 mil ou R$ 8 mil. Em motores importados ou turbos, o custo sobe mais ainda. Os valores, geralmente, podem ser financiados em carnês, cheques ou por financeiras e bancos.

Oficinas conceituadas

Se já está na hora de recorrer à retífica, é fundamental levar o carro a uma oficina conceituada no mercado. Só cuidado para não se deixar seduzir apenas pelo o serviço mais em conta. “Eu costumo comparar o veículo como uma pessoa. Na hora que tem uma doença mais grave procura um especialista para tratá-la, e não um clínico geral. Com o carro e o motor é a mesma coisa. Busque profissionais que são do ramo, que tratarão diretamente do problema, para não se arrepender depois”, observa Eclair da Silva, da Só Motores. 

Ele salienta que há empresas que só fazem a troca de bronzinas e anéis e a revisão de cabeçotes e já dizem que é retífica. “Nós entendemos que não é só a troca de peças, como também a usinagem do motor", complementa.

A primeira vida do propulsor nos modelos nacionais de passeio vão pouco mais além de uma década de uso. Nos modelos mais antigos gira entre 150 mil e 200 mil km percorridos, enquanto que nos mais novos vai bem além disso. Salvo os proprietários exemplares, fiéis aos prazos de troca dos elementos filtrantes e lubrificantes, que só utilizam produtos de qualidade e sempre monitoram a temperatura da água. Neste caso, a longevidade pode ultrapassar os 300 mil quilômetros.

Reprodução FacebookRetífica de Motores Francisco Gomes

Quanto mais usar, melhor

O uso frequente do veículo, ao contrário do que se imagina, prolonga a idade do motor. Que digam taxistas, representantes comerciais e frotistas, profissionais que utilizam o veículo como ferramenta de trabalho. Eles chegam a andar mais de 20 mil quilômetros no mês e realizam a retífica acima dos 350 mil km.

E ao contrário que muitos acreditam, quem costuma deixar o carro na garagem ou usa para trajetos curtos tem a vida do motor abreviada. No primeiro caso, o óleo lubrificante escorre para o cárter deixando algumas peças em contato metal com metal. Haverá o atrito e posterior desgaste quando o propulsor estiver acionado. 

Já ligar e desligar o veículo num espaço reduzido de tempo faz com que o propulsor não atinja plenamente a temperatura de funcionamento. Em blocos de ferro fundido o desgaste é maior quando o motor trabalha em temperatura abaixo da recomendável. “Faz com que haja alterações dimensionais em alguns componentes mais sensíveis, que não suportam o ‘expande-contrai’ repetidas vezes. A carbonização também é excessiva na região dos anéis”, explica Francisco Vale.

Conserto específico 

Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Nem sempre é necessário realizar a retífica completa. Há casos de motores mais novos em que fundiu apenas a parte de baixo, como o virabrequim. O que daria para reaproveitar o pistão, por exemplo, ressalta Sergio Diegues Thomaz, dono da SD Retífica de Motores.  

“Às vezes só queimou a junta na parte de cima, algo comum em veículo com baixa quilometragem. Aí é trocado somente a junta e retificado o cabeçote, sem precisar desmontar todo o motor", exemplifica o especialista, o que significa um gasto menor no conserto.

Fazemos todos os testes de medição para avaliar o que pode ser retificado e o que tem de ser trocado. Há peças que são recuperadas com a usinagem, como válvulas, guias, volante, cabeçotes, entre outros. 

Sergio Diegues Thomaz, dono da SD Retífica de Motores, de Curitiba.
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