A opção de carros com câmbio automático é cada vez maior no mercado brasileiro. Hoje pelo menos 20% das versões comercializadas no país dispensam o uso do pedal de embreagem, somados também os sistemas automatizados, como Dualogic (Fiat), i-Motion (Volks), Powershift (Ford) e Easy’R (Renault).
Mas a transmissão ainda é um objeto pouco familiar para muitos motoristas. Que o diga um ladrão de Jaboatão dos Guararapes, cidade da Grande Recife, em Pernambuco.
A fuga após o roubo de um Chevrolet Onix automático, na noite desta quarta-feira (14), durou apenas alguns metros e de forma trágica para o criminoso Adriano Santana da Silva, de apenas 20 anos.
Confira para que serve cada marcha do câmbio automático
Após render a proprietária, ele entrou no veículo e se deparou com esse tipo câmbio. Ao invés de engatar o ‘Drive’ e fazer o carro se mover para frente, o ladrão colocou na posição ‘R’ (de ré) e pisou fundo no acelerador.
O hatch subiu na calçada e chocou-se contra a parede de um armazém de construção. Sem o cinto de segurança, o ladrão quebrou o pescoço e morreu no local. Um segundo suspeito, que o acompanhava, conseguiu fugir.
Leia mais: Confira os 10 carros automáticos mais baratos do Brasil; todos abaixo de R$ 60 mil
A fatalidade - para o marginal - mostra que apesar de ter um funcionamento simples, o câmbio automático pode confundir o usuário menos experiente em momento de pressa ou nervosismo.
Recentemente, uma motorista que estava estacionada numa farmácia no Bom Retiro, em Curitiba, acabou engatando o ‘D’ no lugar do ‘R’. O Honda CR-V desceu o desnível do estacionamento com a calçada e acertou o poste do semáforo, que caiu na pista, interditando a passagem por algumas horas. Neste caso, por sorte, foi apenas um susto, além dos danos materiais.
Leia mais: Saiba quais são os carros mais roubados no Paraná e o custo para fazer o seguro
Mesmo com a popularização do sistema, há quem ainda olhe com uma certa desconfiança para esse tipo de caixa. Talvez por que não teve a oportunidade de dirigir um veículo automático ou desconhece seu funcionamento.
A previsão de mercado, porém, é chegar a 2020 com 60% a 70% da frota nacional dispensada do pedal da esquerda. Sinal de que a comodidade de não se preocupar na hora de trocar as marchas tem levando o consumidor brasileiro a olhar com mais carinho para esse segmento. Nos países de primeiro mundo, o volume ultrapassa a 90%.
A seguir algumas respostas às dúvidas mais comuns que costumam povoar a cabeça do motorista pouco adepto à tecnologia. Ela começou a equipar os veículos na Europa e Estados Unidos ainda na primeira metade do século passado – um modelo Oldsmobile 1940, da General Motors, foi o primeiro a adotar a transmissão ‘Hydra-Matic’.
Câmbio automático consome mais combustível?
Era maior nos modelos mais antigos equipados com motores carburados. Após o advento da injeção eletrônica de combustível, o gasto em relação à caixa manual passou a ser bem próximo e até menor. O sistema CVT (relação de marchas continuamente variáveis), inclusive, é mais econômico em alguns casos.
O carro perde desempenho?
Isso era um problema comum em modelos antigos com câmbio automático de três marchas. Hoje as caixas possuem de quatro até nove velocidades e costumam oferecer modo esportivo (identificado pela letra S) para retardar mais a troca e aproveitar toda a força do motor.
Além disso, conseguem entregar torque em baixas rotações. Boa parte traz a opção da troca sequencial, pela qual o condutor pode ‘subir e descer’ marcha na momento que quiser. É “+ e -” do câmbio e também as aletas (borboletas) localizadas atrás do volante.
Que problemas a transmissão pode apresentar?
As ocorrências mais comuns são de ordem elétrica e de manutenção inadequada (precisa ser verifica a cada 50 mil km). Como a transmissão automática está interligada com os demais sistemas elétricos do veículo, qualquer instalação mal feita de som, alarme ou rastreador, ou mesma a ‘chupeta’ na bateria pode comprometer o funcionamento do câmbio.
Utilizar um tipo de óleo que não seja próprio para o conjunto é outro agravante. O fluido indicado possui uma viscosidade bem mais baixa do que a dos populares lubrificantes para câmbio manual e motor.
Além disso, apresenta uma carga muito alta de aditivos, que lhe confere propriedades muito particulares. Colocar fluido do sistema manual pode ‘matar’ a caixa automática.
O que acontece se colocar na posição ‘N’ (neutro) com o carro em movimento ?
O ‘N’ nunca deve ser utilizado com o veículo movimento. Seu uso é recomendável apenas na parada total do carro, como em semáforos, por exemplo, ou para empurrar o veículo de um ponto ao outro. Caso contrário, há risco de superaquecimento e desgaste prematuro das peças.
Vale ressaltar que na posição ‘Neutro’ não ocorrerá a economia combustível, como muitos acreditam. Veículos com injeção eletrônica consomem menos quando estão engatados.
Como saberei se o sistema está com algum avaria?
Qualquer anomalia no sistema será notificada via computador de bordo (caso o veículo possua) ou pela luz espia no painel de instrumentos.
Na maioria das vezes o sistema entra no modo de segurança, liberando apenas a primeira marcha e a ré, e bloqueando as demais. Quando isso ocorrer, evite continuar circulando com o carro. O ideal é guinchá-lo até uma oficina especializada.
Quando devo usar as marchas indicadas pelos números 1, 2 e 3?
A primeira marcha bloqueia as demais e só deve ser usada quando o veículo for sair da inércia em uma rampa ou subida muito íngreme, como estacionamento de prédio ou shopping.
A segunda é recomendável no trânsito pesado (velocidade inferior a 40 km/h) ou subidas mais pesadas.
Já a terceira faz a função do freio motor em descidas acentuados, como as de serras. Ela bloqueia as marchas superiores.
Qual é a diferença entre automático e automatizado?
O sistema automático detecta a relação entre a velocidade e a rotação do motor para decidir pela troca automática da marcha. Nos conjuntos modernos, a troca é quase imperceptível ao motorista, como na CVT.
O automatizado é a mistura automática com mecânica. A caixa é idêntica a de um veículo manual, no entanto dispensa a utilização do pedal da embreagem, já que as trocas são realizadas por meio de uma central eletrônica que aciona uma ‘embreagem’ eletro-hidráulica. As mudanças também podem ocorrer por meio da alavanca, com toques para cima e para baixo. As mudanças de marchas são bem mais perceptíveis que na automática.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast