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Honda XRE 300 (esquerda) lançada no ano passado tem visual mais aventureiro, enquanto a Yamaha XTZ 250 Lander, de 2006, traz design típico das motos off-road | Gustavo Epifanio/Agência Infomoto
Honda XRE 300 (esquerda) lançada no ano passado tem visual mais aventureiro, enquanto a Yamaha XTZ 250 Lander, de 2006, traz design típico das motos off-road| Foto: Gustavo Epifanio/Agência Infomoto
  • A moto da Honda custa em média R$ 13.900 (versão sem ABS), enquanto a Lander é comercializada por R$ 12.150

Yamaha Lander XTZ 250 e Hon­­da XRE 300 são as principais concorrentes no segmento de motos trail de média capacidade cúbica – não são pequenas como as 125/150cc nem grandes e caras como as de 600cc. Ambas têm a proposta de serem motos de uso misto, ou seja, saem-se bem tanto no asfalto como na terra. Ne­­nhuma delas foi projetada especificamente para o fora de estrada. Aliás, há algum tempo, as motos de uso misto têm se tornado mais "on" do que "off-road".

A própria XTZ 250 Lander, lançada em 2006, era menos off-road que a sua então concorrente Hon­­da XR 250 Tornado. A po­­sição de pilotagem, o banco mais confortável, balança traseira em aço, entre outros itens de seu pro­­jeto denunciavam que a trail da Ya­­maha chegava para atender aque­­les motociclistas que querem ter uma moto para usar na cidade e, nos finais de semana, dar aquela esticada até o sítio e en­­carar uma estrada de terra. Mes­­mo assim, a XTZ 250 ainda manteve o design dos modelos fo­­ra-de-estrada.

A Honda XRE 300 foi apresentada em 2009 para substituir Tornado e Falcon em uma tacada só. Os engenheiros da Honda per­­ceberam que os trilheiros que usavam a Tornado em enduros ha­­viam migrado para a CRF 230F e, como a Falcon não atenderia o Promot 3, criaram uma moto as­­sumidamente de uso misto, deixando um pouco de lado sua vo­­cação off-road.

Para isso, aumentaram a ca­­pa­­cidade cúbica do motor para 300 cc, adotaram injeção eletrônica e equiparam a XRE 300 com o tão pedido freio a disco na traseira. Além disso, apostaram em um design mais aventureiro, com o polêmico visual "bico de pato" que já havia sido utilizado pela BMW na F 650 GS e pela Su­­zuki na DR 800. Ainda dotaram a nova XRE de um largo e confortável banco em dois níveis, bagageiro de série e um tanque de 12,4 litros, que davam a ela credenciais para encarar viagens mais longas.

Por se tratar de um projeto mais novo, a XRE 300 traz mais evidente essa tendência das mo­­tos trail ficarem mais "dentro da estrada" do que fora dela. Porém, ambas oferecem suspensões de longo curso, rodas de 21 polegadas na dianteira, pneus de uso mis­­to (aliás, as duas saem de fá­­brica com os Metzeler Enduro 3, porém em medidas diferentes). Juntamente com a posição de pi­­lotagem bastante ereta e natural, com um guidão aberto, XRE 300 e XTZ 250 encaram bem uma es­­trada de terra, alguma lama, mas "encalham" em trilhas.

Desempenho

A primeira diferença entre XRE 300 e Lander 250 é óbvia: a capacidade cúbica do motor. Com co­­mando duplo no cabeçote, refrigeração a ar com radiador de óleo e 291,6 cm³ de capacidade, o mo­­tor de um cilindro da Honda oferece 26,1 cavalos de potência má­­xima a 7.500 rpm. Já a Yama­ha tem comando simples, refrigeração a ar também com radiador de óleo e 250 cm³ de capacidade, o monocilíndrico da Lan­der produz 20,1 cavalos a 8.000 rpm. Apesar da potência declarada pelas em­­presas ser tão diferente, a velocidade final de am­­bas não é tão dís­­par como se po­­deria imaginar: am­­bas chegam a 130 km/h sem esgoelar, com uma leve vantagem para a XRE 300.

Mas o que importa é como ambas chegam até lá. Com o torque de 2,81 kgf.m a 6.000 rpm me­­lhor aproveitado pelo câmbio de cinco marchas, a XRE 300 de­­mons­­tra mais fôlego e uma aceleração mais vigorosa – apesar disso cobra um pouco pelo ruído excessivo produzido pelo motor. Nessa situação de aceleração, os 2,09 kgf.m de torque má­­ximo a 6.500 rpm dão a impressão que a moto da Yamaha é, de fato, um pou­­co mais lenta. Por outro lado, seu motor apresenta um funcionamento menos ruidoso.

Vale dizer que a diferença de desempenho não chega a ser um fator decisivo na hora da compra. Ou seja, não espere que a XRE 300 seja um "foguete" perto da XTZ 250, porque não é.

A adoção da injeção eletrônica na linha 300 cc também contribuiu para acabar com a fama de beberrão do motor Honda. Durante o teste a XRE 300 rodou 28 km com um litro de gasolina – em uso na cidade, estrada e na terra. Enquanto a Lander teve média de consumo de 28,5 km/litro.

Uma diferença mais perceptível é a agilidade dos dois modelos. Apesar de ambos terem ro­­das de 21 polegadas na dianteira e 18 na traseira, e usarem o mesmo mo­­delo de pneu, as medidas são diferentes. Enquanto a XRE 300 usa um pneu dianteiro 90/90-21, portanto com 90 mm de largura, a Lander tem um pneu mais es­­treito (80/90-21), que se reflete em mais agilidade nas mudanças de direção. O menor peso da Ya­­maha – 132 kg a seco contra os 144,5 kg da XRE – também contribui para a sensação de que a Lan­­der é mais ágil. Como de fato é.

Instrumentos e acessórios

Além do desempenho e consumo, outros fatores têm de ser le­­vados em conta. A Lander, desde seu lançamento, traz um completo painel multifuncional de leitura digital. A Honda também caprichou no painel da XRE 300. Na extinta Tornado já era digital, mas agora traz conta-giros e marcador de combustível.

Destaque também para o potente farol da XRE 300 com lâmpada de 55 Watts. No modelo Yamaha, a lâmpada do farol é de apenas 35 Watts que, apesar do bom trabalho do refletor, fica de­­vendo se comparado com a Hon­da. Porém a fábrica ficou devendo o útil lampejador de farol na XRE. Item de série na Lander e que, pelo preço e porte do modelo, também deveria estar presente na XRE 300.

Por outro lado, a Honda instalou um belo e também útil bagageiro de série na XRE 300. Na Lan­­der o item é vendido como acessório opcional.

Preço

O quesito preço não ficou por último por acaso. Além de pesar bastante na hora de decidir qual das duas trails comprar, a diferença de preço entre elas é grande. En­­quanto a Yamaha XTZ 250 Lander, ano e modelo 2010, está sendo co­­mercializada por R$ 12.150 nas concessionárias da marca na capital, a Honda XRE 300 versão standard (sem freios ABS) está sendo vendida por R$ 13.940. Uma diferença de preço de mais de 10% que pode pesar bastante na hora da decisão.

Pois mesmo que a XRE 300 tenha o status de novidade, rodas e balança em alumínio e motor um pouco mais potente, a grande diferença de preço não se justifica na hora do uso. O desempenho não é tão superior e o design é polêmico e muitos torcem o nariz.

Quando lançou a XTZ 250 Lan­­der, a Yamaha superou a Tornado com um modelo mais moderno, dotado de injeção eletrônica, enfim uma moto de uso misto mais de acordo com a tendência do mercado. A Honda agora dá o troco com a XRE 300: uma moto superior, ainda de acordo com a proposta mais on do que off-road, que a Lander. Tem motor mais potente, bom consumo, banco confortável, que dão vantagem ao modelo Honda. Porém a diferença de preço pesa e muito a favor do modelo Yamaha.

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