A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados (CDHM) vai pedir a investigação dos áudios gravados durante o voo que transportava o ex-presidente Lula para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba no sábado (7).
Presidente da Comissão, o deputado Paulão (PT-AL) afirma que os ofícios serão encaminhados ao Ministério Público Federal e aos Ministérios da Justiça e da Defesa. Para ele, a gravação configura uma “ação terrorista” contra o ex-presidente Lula. “A CDHM vai acompanhar o caso. É uma questão gravíssima. Na prática, [o áudio é] um pré-atentado.”
Em um dos trechos da gravação, confirmada pela Força Aérea Brasileira (FAB) nesta segunda (9), uma voz masculina afirma “manda esse lixo janela abaixo”. Na sequência, uma voz feminina alerta que a frequência é gravada e que pode ser usada contra os profissionais.
Para Paulão, o áudio reforçou o receio de que o ex-presidente Lula seja alvo de ataques em Curitiba. “O presidente Lula fez uma caravana no Sul e vieram fazendeiros armados, com armas pesadas. Agora, a gente escuta o áudio. Claro que todos tememos pela vida do Lula. O presidente Lula, na minha visão, é hoje uma liderança passível de ser assassinada.”
Integrante do diretório nacional do PT, a deputada federal Luizianne Lins (CE) diz que teme violações à segurança do ex-presidente. “Nós estamos preocupados com a segurança do presidente. Quando o cara diz ‘joga esse lixo aí de cima’, ele faz uma apologia ao crime. Com esse clima de ódio, você não sabe o que podem botar na comida [do ex-presidente].”
Diretório
Como parte do esquema de proteção ao ex-presidente, Luizianne Lins afirma que o PT estuda transferir seu diretório nacional a Curitiba. Segundo ela, a ideia é criar um esquema de rodízio para que movimentos sociais e integrantes do partido façam vigílias constantes na sede da Polícia Federal. “Os valores estão completamente invertidos nesse país. É apologia ao nazismo… As pessoas estão a vontade para fazer [ataques].”
Confrontos
A Polícia Militar do Paraná afirma que a confusão começou após duas explosões feitas por simpatizantes ao ex-presidente, mas parlamentares petistas dizem que a manifestação ocorria de forma pacífica quando foi dispersada com balas de borracha e bombas de efeito moral lançadas pela tropa de choque.