Resolvi, por curiosidade, ler o primeiro exemplar da Gazeta do Povo, para tentar imaginar quem seria eu naquela meia dúzia de páginas sem uma única imagem. O primeiro texto, “Nosso Rumo” permanece atual:
“Este jornal, ou os que nelle militam, tendo notado vicios radicaes no systema tributario do Estado; inversões relativas ao entendimento de suas naturaes fontes de receita; vicios que são capitaes na sua actividade politica e que affectam de modo profundo a massa da população; vem tomar logar entre os que pretendem contribuir com sua actividade para o melhoramento das nossas condições, tão tristes nesse momento, e que despertam tão sombrias cogitações para o futuro.”
Da equipe exigia-se o mesmo que hoje: “Os que nelle trabalham forraram o ânimo para os golpes da adversidade.” Quanto à missão, a revolução tecnológica não alterou nada: “Este jornal, como já o declarou seu director em boletim profusamente distribuido, é um jornal imparcial. Destina-se à defesa dos interesses geraes da sociedade, a chamar a atenção de todos e de cada um para os assumptos que, directa ou indirectamente, nos interessam”.
Se o mundo hoje não poderia ser imaginado nem pela mais tresloucada ficção científica de 100 anos atrás, a revolução tecnológica, midiática e social é incapaz de fazer mudanças na essência da alma humana. Ainda que nossos problemas se repitam como uma roda girando em falso na trilha da história, cada geração encontra a esperança em rochas firmes e inabaláveis: a importância de ter princípios e a coragem de viver de acordo com eles.