Se o Atletiba fosse “humano”, já estaria morto pela cartolagem

Estava na cara que o Atletiba pelo Paranaense acabaria enroscando. Era uma questão de tempo. As horas se passaram, e o inevitável se confirmou: sim, o clássico enroscou. E, a 24 horas de a bola rolar, ninguém sabia se teria ou não jogo na Baixada.
Tudo por causa da “torcida humana” do Athletico, a origem de toda a encrenca. O Furacão está amarrado ao “conceito”, não apenas “inovador”, mas também inédito no futebol mundial. E joga junto, numa tabelinha muito bem azeitada, com o Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Um sistema que não apresenta nenhum dado confiável para a sua implantação, que a torcida do Athletico, em sua imensa maioria, não quer, que traz prejuízos financeiros ao clube, mas que, entretanto, Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do Furacão, faz vingar.
O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR), por sua vez, já emitia sinais, públicos e inequívocos, de que faria de tudo para colocar atleticanos e coxas-brancas dentro da Arena da Baixada, no velho esquema de sempre, com espaço reservado para os visitantes.
LEIA MAIS
Atletiba, a farsa da “torcida humana” e o Athletico no mundo da fantasia
Vieram liminares, decisões, pareceres, notas oficiais e, pasmem, até pedido de W.O. e disputa do jogo com portões fechados, medidas que remontam ao período medieval do esporte. Assuntos que o torcedor, compreensivelmente, detesta (confesso que eu também).
E seja qual for o destino do Atletiba da vez, e mesmo que ocorra um jogaço no Joaquim Américo, é certo que o clássico tomou mais um golpe duro. Fosse humano, como é a “torcida humana”, e o Atletiba já estaria morto pela cartolagem.
Em tempos de duelos internacionais rolando direto na TV, Liga dos Campeões, Libertadores da América, Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil mais valorizados, é natural que duelos locais fiquem enfraquecidos. O mundo parece disponível a somente 90 minutos de distância.
Apesar disso tudo, não se renega o passado. Não há vergonha em valorizar as próprias raízes. Não há lugar, no mundo, melhor do que a própria casa. E, assim, uma rivalidade de 94 anos, ancestral, multigeracional, como é a do Atletiba, precisa receber a atenção que merece.
Esqueça o papo frouxo de torcedor que tem um time no Brasil e outro na Inglaterra, daqueles em que o jogo corre picotado no stories do Instagram, dos tarados por análise de desempenho, dos colecionadores de “patchs” etc. Atletiba sempre foi e é do cacete! Por que? Porque é nosso.
E pode ser até com time sub-23, ou aspirante, do Athletico. Pode ser também no falimentar Campeonato Paranaense. Não tem problema. São as camisas que entram em campo e o que se espera é um jogo limpo e arquibancadas tingidas de vermelho e preto, verde e branco.
Se a cartolagem faz de tudo para estragar o clássico — já começou com uma barbeiragem da Federação Paranaense do Futebol, que marcou o duelo para 21h30 de uma quarta-feira –, e não é de agora, é chegada a vez de os torcedores abraçarem o que é seu.
Ou então, testemunhar a morte lenta do Atletiba…
LEIA MAIS
Camisas de outros times e “torcida humana”: não. Estádio precisa ser hostil
Petraglia ou John Lennon? Quem compôs a a carta aberta do Atlético sobre torcida única?
Petraglia quer acabar com a paixão no futebol, e está conseguindo no Atlético
Com ‘torcida humana’, torcedores do Atlético não teriam ‘copado’ o Maracanã