O terminal do aeroporto Afonso Pena está sendo ampliado para, a partir de 2016, ser capaz de atender 10,4 milhões de passageiros ao ano – hoje a capacidade é para 7,8 milhões. É a resposta da Infraero para a tendência de aumento na demanda no tráfego de passageiros e de aeronaves nos próximos anos.
Isso significa que a estrutura de pistas e pátio está alinhada a esse virtual crescimento? O novo pátio, sim, com mais 10 posições – hoje são 13 ao todo – e em processo de homologação. O sistema de pistas, porém, precisa ser melhorado, afinal de nada adianta ter terminal e pátio se não há como receber e despachar aeronaves com velocidade.
“Se formos pensar em 2016 ou 2020, teremos um terminal que atende os passageiros com mais conforto. Isso vai exigir uma gestão mais eficiente no aspecto de pousos e decolagens, de vazão de aeronaves”, aponta o professor da Academia de Ciências Aeronáuticas da Universidade Positivo, Wilson Rocha Gomes.
Hoje, o Afonso Pena tem capacidade para receber 24 movimentos (pousos ou decolagens) por hora, segundo o Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA). Uma capacidade teórica, já que o intervalo entre um pouso e uma decolagem no aeroporto de São José dos Pinhais tende a ser maior e, consequentemente, com menos operações. Em horário de pico, o máximo tem sido 18 movimentos por hora.
Isso porque não há uma taxiway (pista de taxiamento) que chegue até a cabeceira da pista mais utilizada, a 15. Sem a taxiway, os aviões precisam entrar na pista, percorrer cerca de 300 metros na “contramão”, fazer a volta para alinhar e, então, decolar.
Perde-se tempo e aumenta-se a distância entre os aviões que estão em aproximação. O padrão é de 5 milhas náuticas (cerca de 9 quilômetros), mas para que uma aeronave decole do Afonso Pena entre um pouso e outro, é necessário aumentar esse espaçamento. E olha que já está sendo implementado no Brasil a separação de 3 milhas náuticas.
Essa taxiway é uma demanda antiga das companhias aéreas e dos órgãos de controle de tráfego aéreo, mas até agora não saiu do papel. Segundo a Infraero, “esse empreendimento está em fase de análise”.
Veja abaixo como funcionam os pousos e decolagens na pista 15 do aeroporto Afonso Pena e como funcionaram se a taxiway fosse instalada.
Em resumo, ou as empresas aéreas aumentam a oferta em horários com menor procura ou aguardam a melhora da estrutura de pistas para aumentar os voos em horários de pico. “Todas [as companhias aéreas] querem voos das 7 horas e 9 horas, que são os principais horários, mas depois disso ofertam poucos voos”, completa Wilson Rocha Gomes
Construir um nova taxiway exige, obviamente, custos. Sem contar que haveria um impacto nas operações do aeroporto, já que é uma obra relativamente grande e que invariavelmente restringiria pousos e decolagens na pista por um período de tempo.
Diante disso, surgiria um caminho alternativo, que seria utilizar a pista auxiliar do aeroporto para algumas operações. Nesse caso, enquanto um avião pousaria na pista principal, essa auxiliar serviria para decolagens.
Só que existe uma restrição importante. A pista auxiliar tem 1.800 metros de comprimento e pela altitude (2.990 pés, cerca de 911 metros), as companhias aéreas preferem não utilizá-la, já que quanto mais alto, mais pista é necessária para decolar. E há uma preocupação das empresas, principalmente depois do acidente com o Airbus A320 da TAM em 2007, em Congonhas. A determinação é que se use sempre a maior pista disponível (a principal do Afonso Pena tem 2.215 metros de comprimento).
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Além da taxiway citada acima, outra também ajudaria o fluxo de aviões, em especial nos pousos. Hoje, quando as aeronaves pousam na cabeceira principal, elas precisam deixar a pista em baixíssima velocidade, já que os ângulos das taxiways de saída são de 90º ou até mais.
Nesse caso, a construção de uma taxiway chamada de “saída rápida”, em um ângulo favorável, permitiria às aeronaves livrarem rapidamente a pista para um novo pouso ou uma decolagem. Esse projeto também está em análise pela Infraero.
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Discute-se muito a construção da terceira pista, o que é extremamente salutar e seria muito importante para melhorar a operação do Afonso Pena, mas esses empreendimentos menores são esquecidos. Não deveriam. Cedo ou tarde serão necessários. Assim como está fazendo com o novo terminal, a Infraero poderia olhar para essas taxiways como forma de agilizar o fluxo de aeronaves.