O desaparecimento do voo MH370 da Malaysia Airlines no Oceano Índico, em 8 de março deste ano, levantou questões sobre formas de melhorar as buscas por aviões que se acidentam em alto-mar. Uma delas é a instalação de caixas-pretas ejetáveis. Ou seja, que se desprendam da aeronave antes da queda e possam flutuar na água.
Dessa forma, os gravadores de dados e voz, que emitem sinais de comunicação depois de desacoplados dos aviões, seriam encontrados com mais facilidade do que quando presos aos destroços no fundo do mar.
O mistério do acidente com o avião da Malaysia Airlines tem provado que isso seria interessante. Assim como foi no caso do acidente do voo AF447 da Air France em 2009, que caiu no Oceano Atlântico. As caixas-pretas foram encontradas quase dois anos depois.
A utilização desses equipamentos ejetáveis em aviões comerciais, porém, ainda está em fase de estudos. A Airbus revelou nesta semana estar confiante de que caixas-pretas ejetáveis estejam disponíveis em breve.
“Já encontramos o local ideal nas aeronaves para integrar os gravadores. Estamos trabalhando com fornecedores nesse sentido. A tecnologia existe”, garantiu o executivo de produtos de segurança da fabricante europeia, Pascal Andrei, durante o Fórum de Novas Tecnologias de Localização de Dados de Voos do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês).
De acordo com um slide apresentado por Andrei, há estudos para a instalação do equipamentos nos aviões A350 e A380, modelos desenhados para voos transatlânticos (o A350 ainda não voa comercialmente).
O otimismo da Airbus contrasta com a cautela da principal concorrente. A Boeing diz não conseguir a garantia de que a tecnologia para caixas-pretas ejetáveis seja confiável. A principal preocupação é a ejeção acidental, criando riscos para pessoas em terra e para o próprio avião. Outra é a qualidade dos dados.
“Mesmo com um gravador ejetável, não há segurança de 100% de que os dados serão recuperados”, apontou o investigador de acidentes aéreos da Boeing, Mark Smith. Ele lembrou que equipamentos semelhantes foram instalados em caças F-18 e que em 25% dos casos de acidentes, os dados não foram recuperados.