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Boeing 737-800 é o coração da Gol (Foto: Divulgação / Gol)
Boeing 737-800 é o coração da Gol (Foto: Divulgação / Gol)| Foto:
Boeing 737-800 é o coração da Gol (Foto: Divulgação / Gol)

Boeing 737-800 é o coração da Gol (Foto: Divulgação / Gol)

Quando a Gol foi criada em 2001, ela trouxe tudo o que havia de diferente no mercado da aviação comercial brasileira. Enquanto Varig, TAM e Vasp operavam com estruturas inchadas e robustas, a novata veio com uma proposta de enxugar tudo, seguindo o manual das empresas de low cost, como a Southwest Airlines.

A barrinha de cereal popularizou o transporte aéreo na década passada. Não por acaso que a Gol cresceu vertiginosamente. Acrescentou dezenas de aviões à frota e outras dezenas de destino à malha de rotas. Ao mesmo tempo, viu a Vasp acabar (já tinha visto a Transbrasil falir em 2002) e a Varig ruir.

A Gol encontrou uma oportunidade de faturar com a Varig. E teve a ajuda, digamos, um pedido do governo federal para comprar a tradicional empresa gaúcha em 2007. Ganhou bastante com o negócio, principalmente em rotas. Mas também perdeu. Os altos custos de operação da Varig apertaram as contas da empresa low cost. Ainda há reflexos financeiros da aquisição.

Até por isso, só agora a Gol dá sinais de uma recuperação consistente e de que está de volta ao jogo. De 2008 a 2012, a companhia aérea teve perdas significativas na participação no mercado doméstico, assim como a própria TAM, em virtude da entrada da Azul e o crescimento da Avianca (ex-OceanAir). Ao contrário da TAM, porém, recuperou espaço em 2013 e 2014.

A empresa fechou 2014 com 36,1% de market share, frente a 38,1% da TAM. A Azul cresceu e chegou a 16,7%, enquanto a Avianca avançou para 8,4%. Os dados são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Veja gráfico abaixo:

Market share doméstico da aviação comercial brasileira - 2008 a 2014 (Fonte: Anac)

Market share doméstico da aviação comercial brasileira – 2008 a 2014 (Fonte: Anac)

Esse retorno da Gol à curva de crescimento teve a ver com o investimento pesado da Delta Air Lines na empresa brasileira. Em 2011, colocou US$ 100 milhões. No ano seguinte, atingiu 20% das ações da Gol. Um ótimo refresco no caixa.

Apesar disso, falta à empresa o que a colocou à frente das outras no começo do século: inovação. A impressão que a Gol passa é que está no piloto automático, mais no campo da reação do que da ação.

Exemplo disso é o mercado internacional. Obviamente não é a prioridade. Tanto que bastaram poucos meses com a Azul operando para os Estados Unidos para a Gol perder o segundo lugar no market share internacional: 15,87% contra 14,47% – a TAM segue tranquila com 69,61%, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Market share das companhias aéreas brasileiras no mercado internacional (Fonte: Abear)

Market share das companhias aéreas brasileiras no mercado internacional (Fonte: Abear)

Não que a Gol precise se voltar para voos internacionais, mas pode ser um caminho. Há a aviação regional, mas a empresa vê com reserva a entrada nesse mercado, até pelos investimentos que teria de fazer para adquirir aeronaves menores para se encaixar ao Plano de Desenvolvimento da Aviação Regional que deve ser aprovado neste ano no Congresso.

É um momento importante para a Gol. E cada vez mais a ousadia e a inovação são determinantes no mercado. As concorrentes estão na frente nesses quesitos. Por isso, é interessante recuperar o DNA criativo da empresa para ter voos mais calmos nos próximos anos. É preciso se reinventar.

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