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A simpática Kombi do bravo Moleque Travesso.

A discussão é antiga e interminável, mas como o companheiro Cristian Toledo cutucou no tuíter (é permitido cutucar no tuíter ou só no feicebuque?) e no Futebol Mutante, volto ao tema, que já abordei em outra época aqui mesmo no blog. Qual a melhor fórmula para o Campeonato Brasileiro: mata-mata ou pontos corridos? Sem pestanejar: mata-mata. E sou fã antigo dos pontos corridos. Fiquei maluco? Não. Explico…

O principal benefício dos pontos corridos é a justiça inerente a ele. Todo mundo enfrenta todo mundo duas vezes, uma em casa e outra fora. Quem termina com mais pontos é o campeão. Justiça maior impossível, certo? Mais ou menos.

É necessário estabelecer uma relação entre a justiça do campo e o dinheiro com que os clubes se mantém no campeonato. O contrato atual de tevê — e o próximo, válido a partir de 2015, só acentua esse quadro — estabeleceu um grid de largada no Brasileiro, em que o G-12 (COR, SP, PAL, SAN, FLA, VAS, FLU, BOTA, GRE, INT, CAM, CRU) larga na primeira fila, com pneus novos, motores novos e pouca gasolina no tanque, enquanto os demais partem dos boxes, com motor fundido, pneu furado, tanque cheio de gasolina batizada e o Bruno Senna ao volante.

Se nos pontos corridos o melhor vence, a atual partilha da grana faz com que alguns times tenham mais chance de ser o melhor. Na nobreza (Corinthians, Flamengo, São Paulo etc.) é possível montar um time ruim, desmontar no meio do caminho, remontar e vencer o campeonato ainda com dinheiro sobrando. No médio (Coritiba, Atlético, Bahia, Sport) e no baixo cleros (Figueirense, Atlético-GO, Ceará, Paraná), qualquer erro de planejamento é punido com campanhas medíocres, endividamento ou as duas coisas.

A justiça do pontos corridos vira abstração. Basta olhar para o histórico do Brasileirão neste formato. De 2005 para cá, a taça sempre ficou em São Paulo ou no Rio. O último time de fora do G-12 a chegar à Libertadores via Brasileiro foi o Paraná, quinto colocado em 2006. Na atual temporada, primeiro ano do novo contrato, ninguém chegou nem perto de repetir tal façanha. E a tendência é só piorar.

Logicamente, o melhor caminho é rever a divisão da grana. Algo como 50% partilhado de forma equânime, 30% com base em audiência + jogos transmitidos e 20% com base na classificação do ano anterior. Paulistas e cariocas continuariam faturando mais com publicidade e venda de produtos porque, afinal de contas, estão em mercados maiores e têm mais torcedores. Gaúchos e mineiros seguiriam logo atrás, pela tradição, pela história, pela organização. O abismo, porém, seria menor.

Com os contratos de transmissão amarrados até 2018, mudar a divisão é uma realidade somente para 2019. Não dá para cruzar os braços e esperar até lá. Injusto por natureza, o mata-mata equilibraria a situação. Emprestaria alguma imprevisibilidade a um campeonato fadado à monotonia pela combinação desequilíbrio financeiro + pontos corridos. É isso, ou torcedores de Coritiba, Atlético, Bahia, Sport e tantos outros (para citar quem está na Série A hoje) se acostumarem à ideia de que, por mais da metade do ano, suas maiores ambições serão não cair de divisão e roubar algum ponto dos grandes. Seria digno, se todos não tivessem passado da idade de ser Moleque Travesso*.

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* Moleque Travesso, apelido do Juventus da Mooca, que lá no tempo do Guaraná com rolha recebeu esse apelido por abrilhantar suas campanhas medíocres com vitórias esporádicas sobre os grandes paulistas.

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