Numa República, você imagina que o presidente é a figura máxima do cenário político nacional. Por definição, ele não é subordinado a ninguém: só ao povo e à Constituição. Tem total autonomia para fazer aquilo que considere necessário justamente por isso: ele não tem um patrão que lhe diga o que fazer.
Essa é a teoria. Na prática, o que a delação da Odebrecht à Lava Jato mostra é que todos os últimos presidentes brasileiros se comportaram como cachorrinhos carentes pedindo a atenção e o dinheiro da empreiteira para poder chegar aonde queriam.
Olhando por um lado, eram chantagistas, que extorquiam dinheiro alheio em nome de um projeto de poder. Por outro, eram nada mais do que súditos dos donos dos milhões que pegavam para se financiar. Porque obviamente se comprometiam a fazer o que Emílio e Marcelo Odebrecht quisessem.
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A delação de Emílio mostra que Fernando Henrique Cardoso, esse arauto da moral que tanto insistiu no impeachment de Dilma, teve dinheiro da Odebrecht no caixa dois de 1994 e de 1998. Aliás, todos os seus sucessores como candidatos à Presidência desde então estão na lista.
José Serra teria sido o mais guloso: pediu R$ 23 milhões, sem contar o que pode ter levado como governador de São Paulo. Aécio Neves é um campeão em citações e tinha até mesadinha – aquele mesmo que disse que o primeiro passo para livrar o país da corrupção era tirar o PT do poder. Alckmin teria levado em duas ocasiões, como candidato em São Paulo.
No PT, Lula aparece até com um pedido ainda maior, uma suposta propina de US$ 40 milhões intermediada pelo então ministro Paulo Bernardo (alguém aí tem noção do que são quarenta milhões de dólares em uma campanha?).
No fundo, o que a Lava Jato está revelando é que tanto o PT quanto seu suposto oposto, o PSDB, tinham o mesmo patrão. Marcelo Odebrecht mandou e desmandou no país por vinte anos – e você aí se matando com o eleitor do partido adversário…
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