É cedo para dizer quem os brasileiros querem como presidente. Mas já dá para dizer quem metade do eleitorado não quer que chegue lá: um político. O novo levantamento do Paraná Pesquisas confirma mais ou menos os números que já vinham aparecendo.
No cenário sem Lula, por exemplo, Jair Bolsonaro, que obviamente é visto mais como um militar do que como um político, chega a liderar com 21%. Joaquim Barbosa, ministro do STF que nunca disputou uma eleição, tem 11%. Brancos e nulos (ou seja: quem não topa votar em ninguém) são 18%. E Flávio Rocha, da Riachuelo, tem 1%.
No total, são 51% dos eleitores que estão rejeitando as duas dezenas de políticos que se colocam para disputar o cargo mais importante da… política nacional. Num cenário com Lula, esse número baixa para 39%, mas mesmo assim estamos falando de mais de um terço da população.
Não há dúvida de que se trata de um efeito da Lava Jato. Os políticos dos principais partidos (PT, PSDB, PMDB) se viram envolvidos. E a população parece ter guardado seus nomes. Agora quer algo diferente.
Isso tem seu lado positivo: pode ser um momento para acabarmos com a ideia de que políticos podem fazer o que quiserem e mesmo assim continuarão sendo eleitos. Mas tem uma consequência trágica. O descrédito da classe política leva à busca de salvadores da pátria com discursos populistas: a receita para a desgraça de uma democracia.
Metodologia: 2.002 entrevistados pelo Paraná Pesquisas em 154 cidades em: 27/4-2/5/2018. TSE: BR-02853/2018. Margem de erro: 2,0%. Confiança: 95%.