A aceitação da denúncia contra Deonilson Roldo na Justiça Federal tem ares de primeiro ato de uma peça muito maior. As consequências podem ser gigantescas: braço direito de Beto Richa (PSDB), o ex-chefe de Gabinete pode naufragar sozinho ou levar mais gente com ele. E a consequência eleitoral é ainda mais evidente.
Deonilson está para Beto assim como José Dirceu estava para Lula na época de seu primeiro governo. O cérebro por trás do governo. A articulação por trás da fachada. Principalmente depois da prisão de Luís Abi, era ele o grande responsável por orientar Beto em todos os assuntos mundanos.
A denúncia é grave e tem uma prova inatacável: Deonilson, sem saber, se deixou gravar combinando o resultado de uma licitação de R$ 7 bilhões. Difícil acreditar que o governador não soubesse que seu principal subordinado estivesse fazendo algo deste tamanho.
Mas mais do que isso, a ação penal que começa agora tem grife. Está nas mãos de Sergio Moro, um juiz que, caso quisesse, se transformaria facilmente em presidente da República em outubro. Moro, para a maioria do eleitorado, virou sinônimo de herói. E quem está na mira do herói passa, por extensão, a ser o inimigo.
Eleitoralmente, a aceitação de denúncia por Moro é mais grave do que uma condenação por outro juiz. Os adversários de Beto sabem disso e certamente cairão sobre ele com força nos próximos dias. Ainda que o governador não seja o denunciado, a proximidade de Deonilson é tal que fica difícil separar os dois.
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Beto poderia usar como defesa o fato de não ter sido denunciado. Mas há uma frase na decisão de Moro que faz desmoronar esta esperança: Moro deixa claro que essa é apenas a primeira parte da investigação, e que os demais nomes citados pelos delatores e mencionados nas provas seguem sendo investigados.
Richa nunca esteve tão perto de ver seu grupo político desmoronar. E nunca esteve mais longe do Senado Federal.