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Aconteceu de novo. O país ainda está chocado com o caso de uma criança que atirou em seis colegas, matando dois deles, e já se descobre outra menina que levou uma arma de fogo para o colégio. Dessa vez, não houve disparos, tudo terminou bem.
A menina apareceu em uma escola de Cambé, na região de Londrina, com um revólver. Estava mostrando a arma para os amigos. Além do revólver, a garota, de 16 anos, tinha munição – bastante munição.
Aparentemente, ela não tinha intenção de machucar ninguém: queria apenas mostrar para os outros o que, para ela, era uma curiosidade. A arma seria da patroa de sua mãe que, diga-se de passagem, nem deu pela falta do revólver.
A arma foi apreendida. A dona foi avisada. A menina contou sua história. Todos voltaram bem para suas vidas. Mas até quando vamos conviver com esse tipo de risco?
Nesta semana, o vereador Professor Silberto, de Curitiba, já dizia que, como diretor de escolas, teve de apreender armas com seus alunos por duas vezes.
Discussão torta
A discussão sobre armamento e desarmamento, se depender da indústria e da bancada da bala, se depender dos militaristas e de uma certa direita raivosa, se resumirá a um único argumento: o de que a arma das “pessoas de bem” serve apenas para que elas se defendam dos bandidos.
Não é assim. Acidentes acontecem. Suicídios acontecem. Roubos de armas acontecem. E acontece também de crianças porem as mãos em armas que, obviamente, deveriam ficar apenas nas mãos de adultos: o descuido, a negligência, os crimes, tudo isso precisa entrar na conta.
E o fato é que já se demonstrou que para cada vez que alguém reage atirando um assalto, matando o criminoso, há mais de uma centena de mortes de inocentes causadas por armas de fogo. Muitas vezes, como aconteceu em Goiás, as vítimas são crianças.
É preciso usar isso como alerta para a hipocrisia de um debate torto, inescrupulosamente desvirtuado pelo dinheiro que financia campanhas políticas e remunera especuladores e investidores de fábricas de armamentos.
Se queremos levar a sério a proteção à vida, é preciso ampliar debe e não ficar histericamente repetindo um único argumento que, no fim das contas, cobre apenas uma porcentagem ínfima das mortes causadas por armas de fogo.
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