Alexandre de Moraes não tem condições éticas de ir ao Supremo Tribunal Federal. Ele mesmo admite isso, ou admitiu muitos anos antes, ao dizer que um ministro de um governo não podia ser indicado por este mesmo governo ao STF.
O Alexandre de Moraes de antes estava certo. O de agora, se aceitar, estará dizendo aquilo que Fernando Henrique nunca disse realmente: “esqueçam o que eu escrevi”. Paris, claro, bem vale uma missa.
Dos três antecessores mais imediatos de Temer, só Dilma escapou à tentação de uma indicação de político. FHC colocou Nelson Jobim, na época chamado de “líder do governo no Supremo”. E Gilmar Mendes, seu advogado-geral da União. Lula fez o mesmo com Dias Toffoli.
Alexandre de Moraes tem uma situação ainda pior. Nem ministro da AGU é. Não está no governo como advogado, e sim como político. E foi como político que fez carreira, sempre ligado ao PSDB.
Não que não tenha conhecimento jurídico. É autor de um livro bem vendido sobre constitucionalismo. E é professor da USP, sempre um crédito. Mas como advogado, sua atuação que ficou mais famosa foi em defesa de uma empresa que, aparentemente, era fachada do PCC.
Tomara que Temer esteja apenas fazendo um balão de ensaio. E que a repercussão o demova de fazer uma indicação não só política como à beira do inaceitável.
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