O presidente da Urbs, Roberto Gregório, disse na manhã desta terça-feira que as empresas de ônibus de Curitiba solicitam agora uma tarifa técnica de R$ 3,99. Na prática, isso elevaria a tarifa para o cidadão comum a R$ 4. Ou exigiria que alguém colocasse subsídio no sistema – coisa que a prefeitura diz não ter condições de fazer.
Aliás, na versão da prefeitura, o subsídio não só é impossível como também seria desnecessário. A Urbs afirma que com a atual tarifa técnica, de R$ 3,27, seria possível cobrir todos os custos das empresas. Como tudo na questão do ônibus na capital, também isso é nebuloso.
Se o prefeito Gustavo Fruet (PDT) teve um único mérito na gestão do transporte coletivo até aqui foi o de dar um pouco de transparência ao sistema. Abriu-se a planilha, fez-se uma auditoria. O que se fez com o resultado disso parece insuficiente, já que os problemas continuam. Mas pelo menos sabe-se como as coisas andam – da porta das empresas para fora.
A partir do momento em que o dinheiro entra nas empresas, o dinheiro vira opaco. Não se sabe exatamente seu destino, quanto vai para cada um, em que ele é usado. Pior, como muitas empresas trabalham ao mesmo tempo para Urbs e Comec, não se sabe se o dinheiro de um lado está sendo usado para pagar o outro e vice-versa.
O problema da falta de transparência é que não se sabe se o valor atual é suficiente e está sendo mal gerido ou se realmente é insuficiente. Por um lado, o discurso da prefeitura parece pouco crível, já que a tarifa ficou congelada por um tempo num ano em que a inflação passou de 10%. Por outro, as empresas já abusaram de seu direito de atrasar salários de funcionários e, assim, instigar greves.
De um jeito ou de outro, a passagem a R$ 4 parece impraticável, não só por motivos políticos como econômicos. Politicamente, sabe-se o que um aumento de R$ 0,.20 causou no país há pouco mais de dois anos. Economicamente, uma tarifa muito alta só afasta os usuários e deixa o sistema ainda mais caro.
O Ministério Público do Trabalho tem sido a única esperança de mediação nessa confusão. Talvez seja o caso de arranjar mais mediadores, tornar o” diálogo” multilateral, chamando usuários, empresas, prefeitura e observadores imparciais para uma negociação que resulte em algo mais do que greves periódicas e acusações mútuas de má gestão.
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