Jair Bolsonaro (PSL) disse que era preciso fuzilar FHC. Disse que fuzilaria adeptos do petismo no Acre. Já chegou a falar na necessidade de matar 30 mil pessoas no país, ainda que entre os mortos houvesse inocentes.
Mas é preciso deixar claro: nada disso justifica um atentado contra sua vida.
Jair Bolsonaro é um sujeito truculento. Defende o porte de armas e a violência. Seu discurso tem, sim, ódio. Ódio de mais variados tipos, e em grau profundo.
Mas é brutal dizer, ao vê-lo esfaqueado, que colhe tempestade quem semeia vento.
Jair Bolsonaro é agressivo com o diferente; falou que não estupraria uma colega de Parlamento porque ela não merecia; falou em bater em mulheres; é racista, homofóbico, misógino.
Mas nem por isso alguém tem o direito de tentar matá-lo.
Jair Bolsonaro dificilmente teria com algum dos opositores a benevolência que os outros presidenciáveis tiveram com ele, ao vê-lo vítima de um atentado. Talvez dissesse o que disse após o incêndio do Museu Nacional. “Agora já queimou, quer que eu faça o quê?”
Mas estão certos os que repudiaram a violência.
Porque o que há de repulsivo na candidatura extremista de Bolsonaro é exatamente o ódio, o medo, a defesa de que tudo é aceitável em nome de uma causa. E se não quisermos todos nos nivelarmos por esse patamar inaceitável, temos de repudiar quem atacou Bolsonaro.
A democracia não pode conviver com o ódio pregado por Bolsonaro, mas também não pode conviver com o ódio pregado por seus inimigos. Política é a aceitação de quem pensa diferente. Democracia é a troca das armas pelo voto.
Quem quiser voltar à barbárie não terá meu apoio. Nem de um lado, nem de outro. Meu lado é o da tolerância, do respeito e da democracia.