Nos últimos dias, Ratinho Jr. (PSD) se deixou entrar numa estranha disputa particular contra um candidato que, em tese, não seria uma ameaça a seu favoritismo. João Arruda (MDB) provocou o adversário e deu sorte: recebeu a resposta de que precisava para abrir uma polêmica entre os dois.
Arruda está em seu papel de oposicionista e de franco-atirador. Todo mundo sabe que sua campanha tem menos recursos e menor probabilidade de vitória do que a de Ratinho. Em qualquer bolsa de apostas, sua candidatura seria vista como uma terceira força.
O vídeo que deu origem à série, após a prisão de Beto Richa (PSDB), liga Ratinho Jr. a seu antigo colega de Palácio Iguaçu. Claro que não é bom para ninguém se ver ligado hoje a Beto. Mas o estrago seria tão grande assim?
O estranho foi Ratinho responder. Em propagandas dissimuladas, o deputado do PSD colocou uma apresentadora para dizer que quem tem o que explicar é João Arruda: e falou coisas que são reais. Disse que Arruda foi financiado pelo sogro, Joel Malucelli (Podemos), também preso; que votou contra a investigação de Michel Temer (MDB) etc.
Mas isso era tudo que Arruda queria. O candidato do MDB deitou e rolou com o ataque. Sem desejar, Ratinho colocou um franco-atirador em pé de igualdade com o favorito. Como se os dois estivessem disputando o governo nas mesmas condições. Arruda respondeu chamando Ratinho de covarde.
A dúvida que fica é se Ratinho foi apenas mal assessorado, deixando ser atraído para um abismo, ou se realmente vê algum motivo, após a prisão de Beto, para temer Arruda, e achou prudente começar a desconstruir o adversário desde já – deixando claro, de passagem, que se for preciso tem mais munição para usar.
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A impressão de quem vê de fora é que Ratinho não está tão seguro assim de sua liderança. Quem já está eleito não precisa ficar brigando com cachorros menores.
