Seria muito bom ver Sergio Moro, em rede nacional de televisão, dizer que as coisas ilegais são ilegais e que, por isso, devem ser combatidas. Mas no Roda Viva, seja em nome do corporativismo ou sabe-se lá de que mais, o juiz preferiu a comodidade de dizer que o auxílio-moradia é “questionável”.
“Questionável” é o gosto de quem toma leite com groselha. O auxílio-moradia é simplesmente ilegal. Disfarça-se salário de verba indenizatória para que juízes, promotores e demais guardiões do nosso Estado de Direito possam ultrapassar o teto legal. Como é para eles, vale. No máximo é “questionável”.
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As provas de que o auxílio-moradia (recebido por Moro e seus colegas) é ilegal são muito mais contundentes do que as encontradas em qualquer processo caneteado pelo juiz da décima terceira vara federal. O sujeito pode ter apê de luxo e receber. Não precisa apresentar nota para comprovar o gasto. E os próprios juízes admitem (em público!) que se trata de salário disfarçado.
Mas Moro foi de leve. Estivesse interrogando alguém responsável por tirar do erário os bilhões que a magistratura tira por meio desse “mecanismo”, Moro seria duríssimo. É a versão Moro-Torquemada. Como está entre amigos, entre juízes, entre colegas de toga, pediu vênia, fez salamaleques e tascou um “questionável”. É o Moro-Paz-e- Amor.
É como diz o ditado: aos inimigos, a lei. Aos juízes, o auxílio-moradia. Que ninguém é de ferro.
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