![“Bela, recatada e do lar”: 10 motivos para a reportagem incomodar feministas (e não só elas) “Bela, recatada e do lar”: 10 motivos para a reportagem incomodar feministas (e não só elas)](https://media.gazetadopovo.com.br/vozes/2016/04/marcela-recatada-5b0dbabc.jpg)
Uma reportagem da Veja sobre Marcela Temer causou furor nas redes sociais: “Bela, recatada e do lar” é uma tentativa frustrada de perfil. Além de levar milhares de mulheres a fazer fotos com a hashtag imitando o título da matéria, causou uma discussão sobre a visão da mulher no país. Por que a reportagem incomodou. Veja 10 motivos abaixo.
1- O teste mais fácil para saber se algo é machista é inverter a situação. Imagine uma presidente da República de 75 anos que fosse casada com um homem 43 anos mais jovem. Isso causaria mais desconforto do que a história de “Mar” e “Mi”.
2- Caso essa situação hipotética existisse, quais as chances de uma revista fazer uma reportagem sobre o primeiro-marido com o título “Belo, recatado e do lar”? Quais as chances de ele ser visto como um gigolô caso fosse “do lar”?
3- Quais as chances, nessa situação, de a presidente ser chamada de “uma mulher de sorte”, e de não sofrer sequer um bullyingzinho pelo seu romance com alguém quatro décadas mais jovem.
4- A reportagem é publicada no exato momento em que a primeira presidente da história do país, depois de 127 anos de República, está sendo achincalhada por boa parte da população – o que faz passar a impressão que a mensagem é de que, com Marcela Temer, a mulher está finalmente “voltando ao seu lugar”, que é cuidar da casa esperando o marido.
5- Julgar uma mulher por sua beleza é uma tolice (os muito fãs de Vinicius que me perdoem). Futilidades desse tipo numa hora dessa são uma tolice ainda pior.
6- O feminismo, como ideia de que as mulheres devem ter os mesmos direitos e o mesmo tratamento que os homens, ganha cada vez mais espaço, principalmente na classe média e nos meios universitários.
7- A ideia de ressaltar o fator “do lar” e o “bela” parece transformar Marcela naquilo que Temer reclamou que o transformaram, mas de maneira muito mais grave: em algo decorativo. Mas aqui não se trata de um decorativo “político”. E sim de uma pessoa que vira item decorativo. Suas mechas, seus vestidos, sua elegância. É o que importa nela. E não suas convicções, ideias, sua vida.
8- Já o “recatada” incomoda principalmente às mulheres porque dá a impressão de que o corpo delas continua sendo vigiado por padrões morais. Que elas devem se moldar a um padrão ao invés de decidirem o que fazer com sua aparência, com sua sexualidade. Não que o recato não possa ser visto como uma virtude: o problema é a virtude como imposição.
9- Marcela Temer não é apenas Marcela. É Temer. É a beneficiária de um projeto político altamente questionável. Os luxos a que ela se dá (frequentando o cabeleireiro de Athina Onassis, jantando em restaurantes fechados para seu amor com o vice-presidente) são pagos com dinheiro… de onde mesmo?
10- A reportagem é simplesmente mal apurada e mal escrita.
Siga o blog no Twitter.
Curta a página do Caixa Zero no Facebook.
-
Novo embate entre Musk e Moraes expõe caso de censura sobre a esquerda
-
Biden da Silva ofende Bolsonaro, opositores e antecipa eleições de 2026; acompanhe o Sem Rodeios
-
Qual o impacto da descriminalização da maconha para os municípios
-
Qual seria o melhor adversário democrata para concorrer com Donald Trump? Participe da enquete
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião