Cida e o marido, Ricardo Barros. Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo.
Tudo isso depende de uma palavra do governador. O problema é que, tudo indica, ele vai deixar a decisão para os 45 minutos do segundo tempo. Não só para ter vantagens em negociações. É que as duas opções trazem vantagens e desvantagens que devem ser bem pesadas.
Ficar no governo até o fim tem suas vantagens. Por exemplo:
Beto manteria seu grupo político unido e poderia ter um controle maior sobre sua sucessão. Hoje. O grupo está rachado, se dividindo entre apoiar Osmar Dias, Cida Borghetti e Ratinho. No governo, Beto poderia direcionar os apoios e manter a lealdade do seu clã.
Ficar no Iguaçu também significa ter aproximadamente 4 mil comissionados para nomear e demitir – e todo mundo sabe o que isso quer dizer em época de eleição. O governador tem todas as secretarias, autarquias, empresas e o restante da máquina para manobrar. Não é pouca coisa.
Beto fez um ajuste fiscal pesado e jogou sua popularidade na sarjeta para isso. Há quem acredite que, saindo antes, ele perde o melhor da festa. Justo quando o estado vai estar em melhores condições e entregando obras ele já vai estar fora: e deixa tudo para o sucessor inaugurar.
Ao evitar a disputa para o Senado, Richa pode se poupar de um vexame. Ninguém sabe se ele realmente se elege, depois de tanto desgaste. Dependendo do quadro, se houver um candidato da Lava Jato, por exemplo, ele pode ter sérias dificuldades em garantir a eleição.
Mas sair também tem suas vantagens:
Caso saia do posto em abril, Richa permite que legalmente seus parentes sejam candidatos em outubro. E dois deles estão há muito tempo na fila. Pepe Richa, irmão do governador que comandou a área de infraestrutura nos dois mandatos, quer ser deputado federal. E o filho mais velho, Marcello, pretende ser deputado estadual.
Políticos em geral não gostam de ficar sem mandato. Alvaro Dias amargou um período de sete anos sem cargo eletivo por ter permanecido à frente de seu governo até o último dia – desistiu de ser senador na última hora. Ficar fora dos holofotes e fora do centro do poder tira força do grupo e de seu líder.
Beto Richa enfrenta no momento várias denúncias e delações. Três delas já foram encaminhadas ao Superior Tribunal de Justiça, onde são analisadas questões referentes a governadores. Se ficar sem mandato, tudo cai para a primeira instância. Será que isso pesa na decisão?
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