Beto Richa anda todo feliz com seu governo. Na entrevista que concedeu ao Estadão chegou a dizer que pensa em ficar até o fim do mandato para não perder o melhor da festa: tem dinheiro em caixa e coisas para inaugurar. Depois de passar pela pindaíba, seria hora de aproveitar as vacas gordas.
Faz sentido. Mas se o governador acha que isso faz de seu segundo mandato um sucesso é só ler a entrevista de novo. Ou pedir que alguém a leia e ver o que fica na cabeça.
Dois anos e meio depois, a entrevista ainda girou, em grande medida, em torno do fatídico 29 de abril de 2015, o dia em que Richa, Francischini e sua turma acharam que valia a pena encher de bombas, balas de borracha e cassetetadas os paranaenses em nome do “ajuste fiscal”.
O estado, quebrado na primeira gestão de Beto, se recuperou. A imagem do governador melhorou. Mas jamais o episódio será superado: foram as imagens mais violentas já registradas ligadas a um governo do Paraná.
Beto Richa disse que talvez não dispute o Senado. Mas além do argumento do “bom fim de governo”, certamente há outros para desanimá-lo. Numa campanha, a essas alturas, certamente Beto teria de enfrentar diariamente, em entrevistas, na tevê, em debates, as imagens do confronto. De professores apanhando. Correndo. De gente sendo mordida por cães.
Alvaro Dias, por muito menos, com o episódio da cavalaria no Centro Cívico, ficou marcado. E nas duas vezes em que tentou voltar ao governo do Paraná precisou encarar o seu passado.
O caso de Beto Richa é muito mais sério: por horas ele assistiu ao massacre, com saldo de 213 feridos, sem intervir. Pior: disse que o “mais machucado” foi ele. E insiste até hoje que a culpa não foi do governo, e sim de quem apanhou.
Não adianta todo o dinheiro que conseguiu com isso: há coisas que nem todas as obras que um governo possa fazer apagam da história de uma pessoa.
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