É algo realmente intrigante. Tudo leva a crer que a campanha de Beto Richa (PSDB) desmoronou assim que se soube que ele foi preso. Aparentemente, o eleitor não perdoaria o ex-governador, acusado de desviar dinheiro público. Tanto é que seus aliados, com medo de contaminação, abandonaram-no sem dó.
E, no entanto… Aparentemente o mesmo eleitor não se importa nem um pouco com o fato de os dois candidatos mais fortes à sua sucessão terem participado de um governo que, a esta altura, dificilmente alguém deixa de associar à corrupção.
Fazendo as contas, são pelo menos três as denúncias (sérias e razoavelmente comprovadas) de que a reeleição Richa em 2014 foi comprada com dinheiro ilícito.
A Odebrecht admitiu financiar a campanha ilegalmente. A Quadro Negro, segundo os delatores, desviou dinheiro de escolas para a reeleição. Agora a denúncia, gravíssima, é de que o dinheiro que deveria manter as estradas rurais foi parar na campanha.
Sendo assim, é lícito dizer que o segundo governo de Beto não devia ter existido. Foi um governo clandestino, comprado com dinheiro ilegal, burlando a legislação eleitoral. E Cida Borghetti (PP), a vice, e Ratinho Jr. (PSD), secretário de Desenvolvimento Urbano, só estão onde estão por terem se beneficiado dessa fraude, ainda que indiretamente.
Cida herdou o governo por ter participado da chapa eleita dessa forma. Ratinho tem os prefeitos na mão por ter distribuído dinheiro a rodo como secretário dessa administração.
Como pode o eleitor não associar uma coisa à outra? Será incompetência dos adversários de fazer a ligação? Ou será que o eleitorado não perdoa, na verdade, é o fato de o governador ter sido pego? Ter ido preso?
O eleitor paranaense é, de fato, um caso a ser estudado.