Na segunda-feira, Rafael Greca deixou seu silencioso quarto no Marcelino Champagnat. Na quinta, já no apartamento da Vicente Machado, mandou fazer uma blitz em todos os bares do entorno. Para proteger os jovens contra os “mercadores do mal e da morte”, anunciou via Facebook.
Evidente que a Vicente Machado, assim como outras ruas com vida noturna, tende ao caos. O barulho, segundo os moradores, pode ser infernal. E os dejetos são tantos quanto os que deixam os moradores de rua – com a diferença de que quem frequenta os bares teria banheiro para ir, caso preferisse.
Um morador da região conta que a garagem de seu prédio na Vicente Machado cheira a urina. “Mijam na rua e escorre para dentro”, conta. Nesta quinta, mesmo após a fiscalização, diz que havia gente “urrando” até alta madrugada na rua.
Fica um ponto positivo: não achar que só a periferia tem gente passando por cima dos limites da lei na vida noturna.
Mas chegar de viatura na hora que o estabelecimento está funcionando para cobrar documentação é duplamente cênico. Primeiro, porque se quisesse mesmo verificar se está tudo em ordem, seria muito mais fácil fazer durante o dia. Segundo, porque parece que fica sendo tudo apenas um jogo para a plateia.
Greca se mostrou tão autoritário quanto a “juventude” que acha que pode ficar nos postos de gasolina bebendo e gritando enquanto os outros precisam dormir.
Gustavo Fruet passou quatro anos sem querer desagradar a ninguém. Rafael Greca faz o contrário. Escolhe lados e deixa isso bem claro. É contra os moradores de rua. É contra a balada barulhenta, principalmente se for perto de sua casa.
A ideia não é só fazer o curitibano médio ver que ele apoia as mesmas coisas que essas pessoas querem. É ver que ele tem como inimigos os mesmos inimigos dessas pessoas. Inimigos comuns: nada causa maior empatia entre as pessoas.
Se Greca quiser mesmo tornar a rua mais segura e menos barulhenta, precisará tomar medidas menos escandalosas e mais burocráticas. Mas isso, como mostrou a gestão Fruet, não dá voto para ninguém.
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