Um dos temas comuns das críticas ao deputado Jair Bolsonaro (PSL) na campanha deste ano foi o fato de ele ter conseguido aprovar apenas dois projetos de lei em seus sete mandatos de Congresso. Uma produção pífia, obviamente.
Uma das defesas do capitão foi de que era melhor ter poucos projetos bons do que investir apenas em quantidade. Faz sentido. Mas não no caso dele. Um dos projetos de Bolsonaro que virou lei tem a ver com um remédio fraudulento que supostamente combatia o câncer.
Embora tenha sido assinado por 26 deputados, o projeto que liberava o uso no Brasil da fosfoetanolamina, conhecida como pílula do câncer, mesmo sem estudos sérios que comprovassem sua eficácia, ficou conhecido como “projeto de Bolsonaro”, dado o seu empenho na causa.
Desde o princípio a comunidade de saúde protestou contra a pílula, que não tinha efeito comprovado. E protestou mais ainda quando os deputados, contrariando o que os médicos, os cientistas e a própria Anvisa pediam, insistiram em liberar o remédio na base da canetada.
Os deputados transformaram a eficácia do remédio numa questão de opinião política – e fizeram com que o país adotasse um remédio inseguro para a população. Pior: mais tarde ficou comprovado que o princípio ativo não funcionava, era um mero efeito placebo.