Na semana em que tivemos o Dia Internacional da Mulher, poucos foram os atos lembrando a luta das mulheres para conseguir uma posição de maior igualdade de direitos. Luta antiga, importante e que ainda precisa de muitos avanços. Basta lembrar que hoje o Paraná tem só 3 congressistas mulheres (numa bancada de 33) e quatro deputadas estaduais (num plenário de 54).
A única homenagem na Assembleia Legislativa foi uma minissessão comemorativa que, embora bem intencionada, mais ficou parecendo uma concessão dos homens. “Deixaram” que uma deputada presidisse temporariamente os trabalhos enquanto não havia não importante para votar. Como se elas pudessem sentir o gostinho de comandar a Casa – mas aquilo não era de verdade. E só haverá igualdade de poder (só haverá uma presidente da Assembleia) com luta, não com concessões.
Num dos discursos durante a sessão, a deputada Cláudia Pereira (PSC) disse que estava falando não para que todas as mulheres fossem feministas, mas para que fossem “femininas”. Curiosa a expressão? Pois o blog, para saber o que as colegas da parlamentar achavam, decidiu ir a campo e falar com as representantes do sexo feminino nos vários parlamentos.
A enquete sobre o feminismo, com apenas três perguntas, foi feita com as cinco vereadoras de Curitiba, com três das quatro deputadas estaduais e com a única senadora do estado, Gleisi Hoffmann. O blog não conseguiu conversar com uma deputada estadual (Cristina Silvestri) e com as duas deputadas federais (Christiane Yared e Leandre). No total, portanto, foram nove entrevistadas, de doze representantes nas quatro Casas legislativas.
Primeiro resultado: das nove ouvidas, apenas duas disseram que se consideram feministas. Essa era a primeira pergunta da série. Quem respondeu afirmativamente foram as duas petistas com mandato: Gleisi e a vereadora Professora Josete. Responderam negativamente Mara Lima (PSDB), Maria Victoria (PP) e Cláudia Pereira (PSC) na Assembleia; e as vereadoras Julieta Reis (DEM), Dona Lourdes (PSB), Noêmia Rocha (PMDB) e Carla Pimentel (PSC).
Das respostas negativas, várias foram justificadas com o mesmo argumento usado por Cláudia Pereira na tribuna. As nossas representantes acreditam que o feminismo é “radical” demais e que considera os homens como inimigos. O importante, segundo elas, seria que as duas partes atuassem de maneira “complementar”, “amistosa”, e “cada um dentro de suas características”, com a mulher “mantendo seu lado feminino”. (As expressões são retiradas das entrevistas.)
A segunda pergunta, curiosamente, trouxe respostas bem mais favoráveis ao feminismo. A questão era: “O feminismo, ao longo dos anos, trouxe conquistas importantes para a mulher?” Nessa questão, apenas a vereadora Noêmia disse acreditar que as conquistas (que ela acredita ter havido) se deveram mais à atuação das mulheres em geral do que às feministas. As demais disseram que, sim, o feminismo “em determinado momento”, pelo menos, foi importante.
“Com certeza trouxe conquistas. Não posso radicalizar, tiveram papel importante. Mas hoje radicalizaram”, disse a deputada estadual Mara Lima, por exemplo.
A terceira e última pergunta queria saber o que, afinal, no entendimento das parlamentares, era o feminismo hoje. As respostas, excetuadas as das duas representantes que se consideram feministas, em geral disseram que o feminismo é um movimento importante, que luta por direitos das mulheres mas que exagera no tom e na crítica aos homens. A resposta típica incluía um alerta contra o “extremismo” e contra um igualitarismo que elas consideram ou impossível ou indesejável.
Uma das deputadas, Maria Victoria, afirmou que o feminismo seria o equivalente ao machismo, apenas com o sinal trocado: ou seja, uma afirmação de uma superioridade das mulheres em relação aos homens. “Eu, particularmente, luto pela igualdade”, afirmou.
As parlamentares que se declararam feministas apresentaram definições bastante diferentes. “O conceito de feminismo não mudou. É a busca da construção da igualdade de direitos entre homens e mulheres, que devem caminhar lado a lado na construção de uma sociedade mais justa”, disse Josete.
“Agir e se posicionar levando em conta o espaço das mulheres na sociedade, no mercado de trabalho, nos seus direitos, combatendo a violência e fazendo com que as mulheres, que são a metade da população brasileira, tenham as mesmas condições que são dadas aos homens em todas as áreas da vida”, disse Gleisi.
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