O clima na Assembleia Legislativa, pela primeira vez em muito tempo, foi tranquilo nesta segunda-feira. Mais do que isso: foi autocongratulatório. Deputados que votam com o governo elogiaram a oposição por ter tido “grandeza” de participar do diálogo e achar uma proposta consensual para o fim da greve. Deputados que votam contra o governo também elogiaram a condução dos trabalhos.
Os deputados têm lá seus motivos para se autoelogiarem. Passaram por uma crise sem precedentes nos primeiros meses deste ano. Em parte, por culpa própria. Aceitaram (alguns) a posição lamentável de andar de camburão para votar uma reforma da previdência impopular. Votaram a proposta com bombas de gás explodindo sobre a população. Foram ao fundo do poço. Agora, parecem ter subido um pouco, inclusive no conceito da população.
Tudo porque os governistas decidiram que não era mais hora de confrontar a população em nome das políticas do governo e resolveram negociar – coisa que sempre deveriam fazer. Mediaram o impasse entre governo e sindicatos. E os oposicionistas também: deixaram de jogar para a torcida e resolveram tentar um meio termo aceitável para todos.
Curiosamente, dois dos deputados mais xingados pelos manifestantes nos casos anteriores foram fundamentais no processo. Romanelli e Traiano, que realmente tomaram medidas impopulares e decidiram votar numa situação inaceitável a reforma da previdência, tomaram as rédeas da negociação. Tudo o que fizeram de errado antes (evitando negociação, fechando a Assembleia à força para evitar a participação popular) fizeram diferente agora.
De um jeito ou de outro, a bancada governista parece ter aprendido uma lição. Ou pode ter sido só um momento de bom senso. O tempo dirá. Mas é preciso dizer que isso só foi possível porque o governo do estado abandonou as negociações e deixou que se criasse um vácuo perigoso. Por sorte, os parlamentares, dessa vez, não foram “governistas” e não seguiram a mesma estratégia.
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