Quando aterrissar na noite desta sexta-feira, em Fortaleza, cerca de 36 horas antes do início da eleição presidencial, Ciro Gomes (PDT) terá dois caminhos à sua frente. Poderá usar seu capital político de 13 milhões de votos para ajudar o país a se livrar do que ele mesmo considera um projeto perigoso; ou poderá fazer uma aposta perigosa pensando numa incerta eleição de 2022.
Ciro tem motivos para estar irritado com o petismo. Esperava ser o candidato de consenso da centro-esquerda, mas viu o PT agir por suas costas para roubar seu maior apoio, o PSB. Acabou em terceiro lugar, quando podia estar no segundo turno. Será que vai conseguir deixar isso para trás?
Do ponto de vista ideológico, é evidente que Ciro tem mais proximidade com o PT. Foi ministro nos governos do partido, é um desenvolvimentista como eles na economia. E já deixou claro em mais de uma ocasião que considera Jair Bolsonaro (PSL) intolerável.
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Por opção, passou a maior parte do segundo turno fora do país. Opção politicamente duvidosa, que passou a imagem de alguém que prefere ver o país se lascar para voltar em 2022 como a única solução possível. MAs agora volta de Paris com a possibilidade de mudar o rumo dessa narrativa.
Fernando Haddad (PT) é de uma mansidão aflitiva. Mesmo quando chama Bolsonaro de “arregão” fica parecendo o ex-jogador Caio, hoje comentarista de tevê, tentando xingar o juiz sem conseguir. “É um banana”, foi o máximo que se ouviu dele até hoje.
Ciro Gomes tem a verve, o fogo e a fúria para fazer um discurso histórico e direcionar, literalmente, milhões de votos para Haddad. Este é um daqueles momentos que, por antecipação, sabemos histórico. À noite, de camarote, o país assistirá o que aconteceu.
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