Ricardo Barros tem fama de ser o maior enxadrista do mundo político da província, e não é para menos. A jogada que leva sua mulher, Cida Borghetti, a assumir o governo do Paraná no início do próximo mês começou nada menos do que quatro anos atrás, com um movimento que parecia destinado a dar em nada.
No começo das articulações para a campanha de 2014, a família Barros já tinha dado um primeiro passo para estar em boa posição de barganha. Começou dominando três partidos simultaneamente. Barros presidia o PP; Cida, o Pros; e Silvio Barros, o PHS.
E aí surgiu o inusitado lançamento de Silvio Barros para o governo. Prefeito de Maringá, ele bem podia incomodar. Com os 5% que tinha nas pesquisas era bem capaz de levar a disputa para o segundo turno. E com isso, Beto Richa foi obrigado a fazer uma composição.
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Na época, o vice de Beto era Flávio Arns, que foi devidamente rifado (e jogado para a secretaria de Assuntos Estratégicos, uma espécie de quartinho de despejo para políticos em fim de carreira). Cida foi escolhida para a vice, e Silvio abriu mão da candidatura que só tinha mesmo esse objetivo.
A vice num segundo mandato é muito mais importante. No primeiro, Flávio Arns ficou como secretário de Educação, e só. Cida preferiu ficar sem nenhuma secretaria, só esperando a mosca azul picar Beto e levá-lo à disputa para o Senado.
Enquanto isso, Barros trabalhou em Brasília, virou ministro e, principalmente, tesoureiro do PP. Com isso, tem como garantir caixa a Beto em uma campanha para o Senado. E tendo tudo isso nas mãos, forçou o governador na direção que ele próprio já tendia: a da renúncia.
Se o casal sabe governar é outra história. Mas como estrategistas, olha, fizeram tudo certinho… Tivesse como fazer um programa tipo “melhores momentos do esporte”, essa jogada teria replay de vários ângulos.
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