Uma equipe de Ciência da Computação da Unicamp está fazendo um projeto bem interessante para a eleição deste ano. Coordenado pelo professor Diego Aranha (já falaremos sobre ele), o grupo está construindo um aplicativo para celulares que tentará fiscalizar o resultado das urnas eletrônicas em 5 de outubro.
Nada de teoria da conspiração. Aranha em 2011 demonstrou que era possível violar o sigilo da urna eletrônica brasileira. E não se trata de um maluco. O sujeito tem mestrado e doutorado na área, deu aulas na UnB e está atualmente na Unicamp. E a ideia dele é bastante simples, além de importante: verificar se ninguém está violando os dados entre a urna eletrônica e o TSE.
O melhor, segundo Aranha, seria verificar a própria urna eletrônica. Mas desde que o grupo dele mostrou problemas em 2011 o TSE nem deixa mais que se realizem novos testes. Ou seja: até que a votação se encerre, não há o que saber como ocorre a computação dos votos lá dentro. Mas depois, dá. E aí é que entra o projeto, o Você Fiscal.
O aplicativo é supersimples: quando a votação acaba, os mesários são obrigados a colocar o boletim de urna na porta da seção eleitoral ou outro local público. Quem tiver baixado o aplicativo, vai fazer fotos desses boletins e enviar para o pessoal da Unicamp. Eles, lá, se encarregam de fazer duas coisas. Primeiro, comparar o boletim publicado na hora com o resultado daquela mesma urna registrado pelo TSE. Ou seja: se alguém fraudar a urna depois da emissão do boletim, descobre-se.
Mas há uma segunda coisa: o pessoal irá fazer uma extrapolação (um método científico sério) para ver se os boletins permitem dizer se o resultado final geral parece deturpar o resultado previsível de acordo com os dados dos boletins fotografados. Tudo por estatística.
No momento, o grupo de Aranha está desenhando o aplicativo. E pedindo doações para tirá-lo do papel. E parece que tem muita gente interessada: em seis dias, o grupo arrecadou mais de R$ 30 mil para construir o aplicativo (que por enquanto deve existir só para Android). Se houver mais doações, poderá haver uma versão para iPhone.
Quem quiser conhecer mais o projeto pode entrar neste site. O aplicativo deve estar disponível duas semanas antes da eleição.
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