A aposta de que Onyx Lorenzoni (DEM-RS) será o chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PSL), caso o capitão seja eleito presidente no próximo dia 28, fica cada vez mais forte. Aliado de primeira hora, Ônyx é deputado de vários mandatos e tem discurso semelhante ao de Bolsonaro nas áreas de segurança e moralidade.
A ironia da escolha é que Onyx é culpado exatamente do crime que vem levando o eleitor de Bolsonaro a votar nele: o deputado gaúcho confessou no ano passado ter recebido dinheiro da JBS ilegalmente para sua campanha política. O popular caixa dois.
A confissão ocorreu em maio de 2017, depois de o nome de Lorenzoni aparecer na planilha da empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista que, como se sabe hoje, comprava a benevolência de políticos repassando milhões de reais para garantir sua reeleição.
Ao saber que seu nome tinha sido citado, Onyx teve um surto de arrependimento e foi a uma rádio do Rio Grande do Sul para falar de seu remorso. Admitiu ter recebido R$ 100 mil de dinheiro “não contabilizado” da JBS, mas jurou que “não houve corrupção”. Ou seja, que não teria feito nada em troca. (Acredita quem quiser.)
“Final da campanha, reta final, a gente cheio de dívidas com fornecedores, pessoas, eu usei o dinheiro. E a legislação brasileira não permite fazer a internalização desse recurso”, disse o deputado, que foi relator do projeto das Dez Medidas de Contra a Corrupção.
Lorenzoni ainda tentou sair por cima. “Tive o cuidado de perguntar se o dinheiro era lícito, de origem limpa”, emendou. Mas disse que procuraria o Ministério Público “para se explicar”.
Um delator da Odebrecht disse que também a empreiteira deu dinheiro ilícito para Lorenzoni, mas neste caso a denúncia foi arquivada, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por falta de provas.