O petismo sempre reclama da fama de governo-mais-corrupto que ganhou depois das investigações de mensalão, petrolão e quetais. Talvez com certa razão: é impossível saber se o que se faz debaixo do pano é maior ou menor em certo período, ou se alguém disfarçou melhor e teve mais sorte.
Mas quanto à “imagem de corrupção” não há dúvida. E também não há dúvida de que os esquemas foram muitos e grandes, e que nem toda a fama é injusta. Mais ou menos o mesmo vai acontecendo na província paranaense com os dois governos de Beto Richa (PSDB).
Antes das farras tucanas, o único governador do Paraná a enfrentar algo semelhante foi Haroldo Leon Peres, um dos indicados pela tão proba ditadura que os bolsonaristas hoje aplaudem. Acabou caindo do cavalo porque Cecílio Rego Almeida não topou lhe pagar uma propina, gravou a conversa e veio a público. Leon Perez perdeu o cargo, a honra e a carreira política.
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Depois disso houve muitas denúncias, muitas suspeitas, alguns secretários presos ligados ao lernismo… Mas nada que se pareça com a maré de propinas que vem se descobrindo ter acontecido nos últimos oito anos.
Se tudo for verdade (e claro, existe o direito à defesa, as acusações podem ser [mas será que todas? e tantas?] injustas), o quadro que se tem é pavoroso:
1- Uma estrada de R$ 7 bilhões foi entregue sob fraude para a Odebrecht. Neste caso, a prova é contundente: há a voz gravada do chefe de Gabinete anunciando claramente o esquema;
2- Um programa de manutenção de estradas rurais teve a licitação igualmente fraudada – e aqui há a conversa do irmão de Beto marcando as cartas do processo.
3- O próprio governador (e aqui também existe o áudio) manda um emissário “ir para cima” do empresário que recebeu o “tico-tico” para partilhar o butim.
4- Os contratos de pedágio, que sangram o bolso da rapaziada de Foz a Paranaguá desde 1998, rendiam uma propina de 2% para Beto e seu pessoal.
5- O primo do governador comandava um esquema de fraude de licitação de oficinas para consertar os carros do governo.
6- Nem se fale da Publicano, porque aparentemente o esquema da Receita vinha de antes.
7- A primeira-dama obrigava os auditores a pressionarem empresários para doar cobertores para seus “projetos sociais”, que rendiam votos a Beto.
8- O lavajatismo ouviu de executivos que a Odebrecht abastecia o caixa de campanha de Beto com dinheiro sujo e não contabilizado.
9- A construção de escolas era fraudada e, segundo o delator, parte do dinheiro ia para a campanha.
10- Todos os principais assessores do governador, além dele próprio, do irmão, da esposa e de empresários ligados ao governo foram presos em algum momento.
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Leon Peres será em breve esquecido para sempre dos anais da imprensa política local. Seu lugar no pódio foi tomado há muito pelo governo tucano.