Em 2014, quando Beto Richa foi disputar a reeleição para o governo do Paraná, começaram a pipocar rebeliões no estado inteiro. Foi o ano em que mais se viram cadeias viradas por aqui: foram mais de vinte motins, com pelo menos 45 agentes carcerários feitos de reféns.
Richa, posto contra a parede, resolveu contra-atacar dizendo que se tratava de um (improvável) conluio entre seus adversários na disputa eleitoral e organizações criminosas. Estariam promovendo as rebeliões para desgastá-lo. Óbvio que não faz muito sentido.
Não faz sentido até porque o PCC, como mostravam reportagens da mesma época, como esta de Felippe Anibal, estava tranquilo, dominando a cena em Piraquara sem que o governo lhe causasse muitos problemas. Por que iam querer derrubar Richa?
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Explosão carcerária
Na verdade, o atual governo (assim como seus antecessores) não soube lidar com a explosão de população carcerária que o país vive. Desde a mudança na lei de drogas, todo portador de um saquinho com maconha vai parar atrás das grades. E não há cadeia que baste.
No ano da reeleição, pressionado, Beto disse que tinha um plano. Era a construção ou reforma de mais 20 penitenciárias. Que beleza. Não fosse pelo fato de que as coisas não saíram como o planejado.
Nesta semana, quando presidiários de Cambé sabe-se lá como (afinal, não era para haver telefone celular, muito menos com internet, na cadeia) puseram no YouTube vídeos que mostram como eles vivem o governo respondeu quase com as mesmas palavras. O que resta é esperar a construção das cadeias etc…
À beira do fim do segundo mandato do governador, a situação se deteriora visivelmente. E segue sendo difícil acreditar que a rebelião em Cascavel, que já teve dois mortos, com um preso decapitado, nesta semana, seja fruto de um complô político contra Beto.
Caos nas delegacias
Basta acompanhar um pouco o noticiário para ver o que está acontecendo. Por exemplo, vejamos a situação de Curitiba desde domingo passado.
O oitavo distrito, no Portão, estava superlotado, como sempre. A cadeia virou, os presos tentaram uma fuga, e dois morreram no processo. Interditadas as celas, levaram todo mundo para o 11.º, na CIC. Só que lá a superlotação já era enorme antes disso.
O resultado foi a construção de um chiqueiro humano, como mostrou a inspeção do Conselho da Comunidade. Mais de 170 pessoas em celas para 40, com esgoto entupido, fezes em marmita e urina em latões. Todo mundo se preparando para sair ressocializado da cadeia.
E a todas essas o governo segue enxugando gelo. E fingindo esquecer a promessa feita por Beto Richa logo no primeiro mês de seu primeiro governo, de tirar todos os presos provisórios das delegacias. Sabe como é: ainda falta terminar os presídios etc…
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