Não sou dos que acham que Sergio Moro é santo, nem sou dos que o veem como demônio. Não acho que deveria ser presidente da República, nem acho que deveria ser chamado de bandido, como fez Jorge Viana.
Também não estou na turma que vê Moro como antipetista (muito menos como instrumento do FBI, como disse em uma declaração tresloucada a filósofa Marilena Chauí). Mas há um fato: Moro é hoje um dos sujeitos mais relvantes, poderosos e, principalmente, simbólicos do país.
Tudo que ele faz causa interesse. Tudo que ele diz vira alvo de especulação. E até o que ele não diz (e ele fala pouco) serve de motivo para teses e contrateses, para protestos a favor e para chiliques contra.
Por isso é que ele não poderia, em nenhuma circunstância, se deixar fotografar como na cena acima. Edilson Dantas, de O Globo, foi quem captou o momento: Moro, sorridente, relaxado, aparentemente numa conversa amistosíssima com o senador Aécio Neves.
Moro é o símbolo da Lava Jato, que triturou o PT. Aécio é o presidente do maior partido de oposição a Dilma – e um dos grandes beneficiários da queda do petismo. Pode vir a ser, com toda essa confusão, o próximo presidente da República.
Mais: Aécio foi citado na Lava Jato. Mais de uma vez. E embora Moro não tenha caneta para investigá-lo, muito menos para prendê-lo, já que senadores vão ao STF, o juiz tem sido repetidas vezes acusado (com maior ou menor razão) de proteger o PSDB.
Moro tem sido cuidadoso em não falar o que não deve. Precisa ser ainda mais cuidadoso para não ser visto como não pode. Diz a velha máxima: a mulher de César tem que ser e também parecer honesta.
De Moro e da sua credibilidade depende, infelizmente, parte da estabilidade política do país. Se ele espirra, o Facebook endoidece e cria-se uma passeata de 100 mil pessoas. Não é momento para dar motivos para mais teorias da conspiração.
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