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Mulheres (e pobres, e gays, e nordestinos) podem salvar país do autoritarismo
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A pesquisa do Datafolha desta quinta-feira mostra que, caso Jair Bolsonaro (PSL) venha a ser eleito, será com o voto dos brasileiros mais privilegiados. Dos ricos, dos que tiveram ensino superior. Será com o voto das regiões mais ricas. E, principalmente, será com o voto dos homens.

Há uma clara ligação do discurso contra o “coitadismo” feito pelo candidato e as pessoas que votam nele. As segmentações revelam, por exemplo, que entre a comunidade gay (LGBT), Fernando Haddad (PT) ganha com quase o dobro de votos: 57% a 29%.

Quanto mais pobre a região – quanto mais necessária é a assistência estatal – maior é o repúdio ao capitão. No Nordeste, por exemplo, são 56% de votos em Haddad contra 30% que votam em Bolsonaro. No Sul, há uma inversão. O candidato do PSL leva de 58% a 31%.

Entre os que têm renda mensal acima de dez salários mínimos, Bolsonaro, do anticoitadismo, tem quase o dobro do petista. Ganha por 61% a 32%. Já entre os mais pobres, com renda até dois salários, Haddad tem dez pontos de vantagem, com 47% a 37%.

Mas o que é mais representativo é a diferença de votos entre homens e mulheres. Se você vê o recorte por gênero, a diferença é impressionante. Entre as mulheres, a eleição está praticamente empatada: são 42% para Bolsonaro e 41% para Haddad. Na famosa margem de erro.

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Entre os homens, Bolsonaro é um fenômeno, e ganha de Haddad por nada menos de 20 pontos, com 55% a 35%. Mas o curioso é que aqui não existe diferença socioeconômica. Não estamos falando de um critério que separe tão facilmente essas pessoas.

As mulheres e os homens pesquisas moram nas mesmas regiões, têm o mesmo perfil econômico, têm a mesma renda familiar. Ou seja. Não há nada “externo” ao indivíduo que explique porque as mulheres votam menos em Bolsonaro. A explicação, aqui, tem de ser de outro tipo.

Fato é que elas, ao ver o mesmo quadro que eles, tomam uma decisão diferente. E isso pode ter a ver com sensibilidade, com jeito de ver a vida. Com o fato inescapável de que a maternidade torna as pessoas mais capazes de sentir a dor alheia.

Não é bom entrar em muita especulação sociológica aqui, porque os dados são apenas isso: números frios. Seria preciso ir a campo e perguntar às pessoas porque o discurso armamentista, que parece ter tanto apelo entre os homens, no máximo divide a população feminina em duas metades.

De todo jeito, assim como os gays, os nordestinos, os mais pobres, as mulheres também têm um papel fundamental nesta eleição. Se nossa democracia sobreviver, poderá muito bem ser por causa delas.

Metodologia

O Datafolha ouviu 9.173 eleitores em 341 municípios a pedido da Rede Globo e da Folha de S.Paulo. A margem de erro é de 2 pontos e o índice de confiança, de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE como: BR-05743/2018.

 

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